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Giovana, minha filha, viajou em busca de seu sonho. Europa e Polônia fazem parte do itinerário. Daqui, lhe escrevo cartas. De lá, em seu blog, relata a cada dia, tudo o que vem acumulando em lembranças.

Este espaço é aberto a todos que entram aqui para compartilharem este gostoso sentimento da SAUDADE! Que, por alguma razão, têm uma afinidade em lerem "Cartas para quem se ama". De verem em linhas, sentimentos que lhes são tão familiares. E, a mim, será um enorme privilégio poder ler suas impressões e comentários.

Para isso, clique em "comentários" e digite suas palavras na janela que se abre. Se você tiver um pefil já definido (Google, WordPress, Nome/URL, etc) é só selecionar, senão, pode selecionar a opção "anônimo", aí é só "publicar"! Se quiser, identifique-se com seu nome e e-mail, ao final, pois assim, poderei fazer contato!



Bem vindo a bordo no Diário de Porto!

sábado, 31 de dezembro de 2011

Tentar-errar-tentar-de-novo-e-acertar: simples assim!

Décimo quarto dia – 31 d dezembro

Enfim, chegou o dia 31. O que costumamos fazer? É como se fosse um reloginho biológico que nos faz parar neste dia e fazer aquela retrospectiva mental, tipo: o que eu estava fazendo há um ano atrás? E há dois? E há dez? As coisas que eu sonhava, eu realizei? Quantas coisas eu decidi, quantas persisti fazer? Este ano valeu apena?
Desde 1999, quando desenhei uma meta pra nós (pé na estrada e viajar em família) virar o ano, pra nós, tornou-se sinônimo de estar em Bombinhas! E de lá pra cá, apenas em 4 finais de ano furamos o nosso costume. E agora, 2011, chegou com algo tão novo e compensador! Eu e o Gabri estamos aqui, no porto Seguro da gente. E você em altos vôos planando por ares europeus! Pode? Pode... Basta sonhar, desejar (muito!), ter fé, se mexer, ir atrás, pesquisar, planejar, racionalizar, OPTAR (leia-se: decidir-se por, ainda que isto implique em sacrifícios/sacrifícios/sacrifícios) e usufruir do sonho! Embora aparentemente tão diferente de uma maratona, o que você trilhou, querida, compara-se perfeitamente ao treino e a nossa chegada na Maratona de Curitiba. A diferença é que agora, sou eu que te faço anjo e você é a protagonista desta chegada!
É costume dizermos que muito mais cansativo que correr uma maratona é o treino que nos sujeitamos a cumprir para podermos enfrentá-la e completá-la. Concordo! É vero! Não existe sucesso sem sacrifício. Não existe superação sem muro a ser transposto. Não existe alegria sem choro, vôo sem tombo! I-NES-QUE-CÍ-VEL! Assim, imagino, é o dia de hoje pra você! Pois hoje vive a somatória de todos os dias passados. Retrato fiel do que é a vida, enfim. Os dias se somam, acrescentam infinitamente histórias, experiências, degraus. Pisar sobre eles e torná-los o pezinho para transpor os obstáculos é característica de quem não senta neles pra lamuriar e desistir, resignadamente, dizendo que a vida é ingrata e injusta.
Creio, Giovana, que aprender com a vida é uma bela opção que temos. Decidir o caminho a seguirmos não é privilégio atribuído a um dia somente do ano – este tal do dia 31 de dezembro! A opção por viver se dá a cada manhã, a cada suspiro, a cada porta que se fecha, a cada sacrifício que se submete, pois se você é capaz de ver a luz lá adiante, você nunca perde o rumo, a esperança, a saída do túnel! Já vivemos na escuridão, no breu do túnel da tristeza sem fim, da indecisão, da desesperança. Quem já não passou por isso? Mas ter a certeza de haver LUZ adiante é que nos faz seguir, sobreviver. Colhe-se os frutos, depois! E quem não desiste de seus sonhos, tem a plenitude de voar sobre ares não experimentados. Ter coragem, ousadia tem seus louros! Só é capaz de alçar vôo, quem te coragem de tirar os pés do chão...
É a coragem de tentar-errar-tentar-de-novo-e-acertar que diferencia os vencedores do restante. E digo: VOCÊ É UMA VITORIOSA!
Giovana... São seis horas da tarde aqui no Brasil. Nove horas da noite em Milão. O ano de 2011 está quase fechando seu ciclo. Hora de olhar para ele e dizer; eu venci! Você que passou tantas coisas que te faziam querer desistir, hoje, pode olhar e sorrir. Você venceu! Temos em nós, uma força imensa e tremenda, tão infindável quanto caridosa que nunca, jamais desiste de nós! Somente por ela, persistimos. Não fosse ela, sucumbiríamos! Você não se encaixa em modelos estereotipados disso ou daquilo. Grande coisa! Nem eu! Mas aquele que nos fez não tem forminha de modelar objetos em série! Ele é talentoso e infinitamente Criador, pois para cada um de nós cria uma forma única! Filha, aprendi muito e muito com você neste ano! E tenho tanto a lhe agradecer! Você demonstrou força, determinação, sabedoria e FÉ em momentos onde eu vacilei. Vivemos momentos delicados, de desesperança, mas Deus nos foi fiel! De você, recebi palavras de apoio, de ânimo, de alegria, de compartilhar, por mais que estivéssemos distantes! Lógico que brigamos também, discutimos, nos desentendemos... Você está deixando o ninho, seguindo suas opções, suas decisões, desenhando seus próprios sonhos. E eu posso ficar de longe apreciando, pois confio nas asas que abriu, nos olhos de teu coração e na sabedoria que te orienta.
Neste virar de ano, mire lá adiante! Foque a Luz, sempre! Pronuncie as letras do nome do seu sonho. Sussurre –lhe o que seu coração quer. Deus nos ouve, nos cuida e nos leva pelos caminhos certos. Só por isso, posso ficar aqui do outro lado do oceano tranqüila. Pois você tem Alguém que cuida de ti!
Te admiro, te amo e sempre amarei. Sempre e pra sempre!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Olhos no horizonte, pés bem apoiados no chão!

Décimo terceiro dia - Dia 30 de dezembro
Filha, lembra-se de quando eu te falava que eu sonhava em um dia eu poder sentar numa cadeirinha na beira do Retiro e escrever? Bem... Hoje, eu acordei e me sentei na rede, na nossa sacada, neste meu primeiro dia de férias pra... Escrever!!! Passei quase o dia todo teclando! E isto não deixa de ser escrever naquela cadeirinha na grama, de frente pro mar, no “nosso“ retiro...

Estive escrevendo agorinha, era pra ser pra você. Mas dei tantas voltas, falei de tantas coisas que acabei postando no outro blog, pois pra você a conversa é mais direta. Escrever, sempre dizíamos, faz bem, pois nos faz refletir! Costumo dizer tanto que “Bombinhas é meu lar” que acabei bloqueando as raízes que poderia criar aqui, em Londrina! Isto acabava refletindo uma recusa minha em criar vínculos aqui, a fincar minhas raízes, por mais que eu diga que eu as tenha! Tenho lembranças, tenho imagens de tantas coisas que vivi aqui! Aquelas cenas de infância, adolescência e faculdade. De episódios pitorescos, outros nem tanto assim. Mas num ciclo onde meus pés sempre pareciam estar noutro lugar e nunca estarem aqui!

Acredito, e você sabe bem disso, que é preciso ter olhos no horizonte! Mas é preciso não se esquecer de ter os pés bem apoiados no chão! Isto, agora compreendo, significa fincar raízes onde se esta no agora. Não ter medo de se fixar em lugares, amarrar-se a um porto por um tempo. Passear pelos mares nos oferece um vasto leque de amigos e lugares, mas ao reconhecermos lugares por onde já fomos e desejamos ficar, não é proibido permanecer um tempo. Até que seja o tempo de partir de novo. Se este tempo chegar. Creio que esta minha ânsia em ir e ir criou em mim as tais “rodinhas nos pés” que uma amiga falou pra mim que eu tinha. Que em outra linguagem, diríamos, seria um navio sem âncora! Um navio que partiu há muito tempo atrás de um lugar que ficou gravado pra sempre em sua memória, pra onde deseja retornar e que com isto, não enxerga a beleza de todos os lugares por onde andou! Chega até a se encantar por lugares exóticos. Identifica-se com pessoas, cheiros e cores. Mas que, a certa altura, entendia-se do lugar, tem seu pensamento longe, os olhar distante e cega-se a tudo o que está a sua volta. Quer tanto voltar ao lugar de onde partiu que não percebe que cada lugar a que chega, tem seu jeito próprio de acolhê-lo, de estabelecer a sua história própria com ele, de tocar uma melodia diferente, um aroma incomparável e um sabor nunca antes experimentado. A saudade que o navio sente de seu porto de partida o escraviza! A lembrança de um lugar por onde passou, do qual se perdeu e para onde nunca mais retornou, o impossibilita de apreciar o presente! Retira-lhe a sensibilidade de perceber que há novas cores a serem vistas. Prende-o ao passado!

Geralmente, as pessoas se prendem ao seu primeiro lar. Algumas, ao seu primeiro amor... De todo modo, prender-se ao que não se tem no presente é uma escravidão! Pois amarra os pés e as mãos, veda os olhos para estar no momento do agora! Estar preso ao lar impede de viajar. Não seria o nosso caso. Mas se não criamos este vínculo inseparável de Londrina, estávamos criando com Bombinhas. Você soube desamarrar-se e partir com seu navio para novos portos. Que bom! A partida também tem de acontecer com os amores... Sair pela porta que ficava ao lado da janela por onde se olhava o horizonte lá longe também significa estar aberta ao que vier. Não se fechar ao novo! E deixar o novo ser novo!!!! Totalmente no direito de ser diferente de tudo que já passou! Pode ser que um dia a gente compreenda que do jeito que foi, não deu certo porque faltava uns certos ingredientes E, quem sabe, o diferente que cruzar em nosso caminho, nos novos portos por onde passarmos, tenha exatamente estes ingredientes? Sei que você me compreende nas entrelinhas! Pois tudo que falo é metafórico! E muito do que pensamos não é o real, o certo ou o que nos completa!

Gi, querida... Que falta faz nossas conversas! Mas que bom que é poder conversar com você todo dia por letrinhas... Hoje, fiz a coisa certa! Escrevi de dia. Porque tenho de te confessar, à noite apago! Como se você não soubesse disso!!! Sei que está em Milão! E tua viagem tem sido a prática de tudo que vimos conversando. Você passa por lugares que deve ter vontade de ficar mais. Mas a decisão de conhecer mais lugares te faz seguir. Pode não conhecer tão profundamente cada um dos lugares por onde passou. Mas de relance, vê e pode deixar o rastro para voltar depois. Creio que isto é uma lição! De abrir-se a novos aprendizados. Ser receptiva, meio esponja. Absorver saberes. Depois, será o tempo da digestão, lenta, saboreando e relembrando os lugares por onde passou, as pessoas que conheceu. E aí, o que permaneceu, permanecerá! E o navio poderá partir quantas vezes quiser, aportando por velhos e novos lugares...

Quero notícias! Sei que as cartas são longas... Mas registram cada dia longe de você. E sei que na hora certa te farão companhia. Amo você, querida!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Saudade lapida o amor...

Décimo segundo dia – 29 de dezembro

Ano se encerrando. Quantos países você já conheceu? Quatro! Em quantos dias? Onze... E vejo que isto é apenas uma pincelada para despertar em você, aquilo que já era tão evidente e inevitável! Pé na estrada, janela aberta o odômetro do coração girando... Seu GPS chama-se “Giovana Pés Sonhando”, pois naquelas fotos que você já costumava tirar de seus pés, provavelmente, você imaginava-se com eles mirando diversos lugares. E sonhar é o primeiro passo para realizar coisas. O segundo é planejar. E o terceiro, acreditar acima de tudo que diga não!

Gi, herdamos coisas que determinam nossos caminhos. Nem tudo é favorável a conseguirmos o que queremos. Cabe a nós, a cada um de nós, separarmos aquilo que faz parte da vida que queremos. Muitas vezes, sofremos por termos a teimosia que nos distancia das pessoas que amamos. Freqüentemente somos duras, fortes demais, firmes demais e temos de nos permitir sermos falhíveis, chorar, querer colo e o mais difícil: aceitar colo! Algumas coisas são tão impregnadas que por mais que saibamos que elas nos atrapalham, não conseguimos nos livrar delas. Outras nos diferenciam, nos definem... Vejo que somos gerações que levam consigo características de mães, avós e por aí vai. Assim como dos pais, avôs e outros mais. Fico feliz de ver que temos traços da minha família. É lógico que se nos prendermos aos defeitinhos, veremos que são inúmeros... Mas quando eu tive o “clic” de me apegar ao que mais me marcava no meu pai, no ano em que ele faleceu, descobri que era viajar! E em 1999, quando ele subitamente se foi, após passar aquele tempo pra gente acordar, decidi que botaria o pé na estrada! Ou melhor, o carro com duas criancinhas dentro, sozinhas com uma mãe que acabara de endoidar. Era preciso ser doida para sair assim, com destino, mas sem relógio, com idéia do que queria, mas sem calendário pra seguir de quanto tempo ficaria em cada lugar, sem conhecer os lugares por onde iria, ou tendo os conhecido há muito, muito tempo atrás.

O ano de 1999 marcou nossas vidas! Saímos no dia 16 de dezembro e o destino era Florianópolis. Com um congestionamento interminável na BR 101, decidi desviar o caminho passando por uma cidade nunca mais visitada: Jaraguá do Sul! Esta era mais uma das coisas que nos marcaria... Ali se iniciava um costume que criamos e mantivemos: viajar juntos! Nós três! Embora eu quisesse conhecer vários lugares diferentes com vocês, o nosso destino final naquele ano entrou em nossas vidas pra ficar. Bombinhas... Acabamos criando raízes. E lá se tornou nossa parada certa todo final de ano. É interessante como nos identificamos tanto com um lugar! Penso que o que nos faz nos sentirmos em casa é aquilo que nos liga, definitivamente, a um lugar ou a uma pessoa. Por termos criado estas raízes com aquele lugar, deixamos de ir a outros. São opções! Criar raízes, ou conhecer novos lugares? Chega uma hora em que é preciso desapegar-se do porto seguro, do ninho aconchegante e quente para ir para novos horizontes. Não se trata de partir para não mais voltar. Trata-se de ir além, em busca de novos ares. Li uma vez, creio que você vai se lembrar, da historinha de Rubem Alves, “A volta do pássaro encantado”. Dizia, em suma, que se a menina prendesse o pássaro para mantê-lo perto de si, ele deixaria de desejar estar perto. E que havia a necessidade se estar longe para sentir saudade... Para desejar voltar! Este ano será diferente. Não fui, nem vou para Bombinhas. Priorizamos coisas. E uma delas foi a tua ida para Europa. Mesmo que eu tivesse ido a Bombinhas, você não estaria conosco. Penso que seria totalmente esquisito estar lá sem você. Faz parte dos nossos caminhos, termos de iniciar novas caminhadas sem termos uma a outra lado a lado. É bom! Teremos histórias para contarmos uma para a outra... E poderemos desejar levarmos quem ficou para estes novos lugares que se conheceu sozinha. A saudade, querida, lapida o amor! Ir por caminhos diferentes acumula em nossas vidas, histórias e mais histórias para se passar por anos contando uma pra outra. No fundo, sabemos que será assim. Haverá ainda, muitas férias em família, Bombinhas e Retiro dos Padres sempre estarão na nossa rota. Talvez, não mais como antes. Teremos também, destinos solos! Você, o Gabri, eu... E teremos, sim teremos, tempo juntos. Porque semeamos este tempo no caminho que percorremos. Semeamos no tempo certo e colheremos isto com o passar dos anos. Lembra de nossas conversas debaixo da nossa arvorezona do Retiro? Ou de cima dela, nem sei! Que quando vocês tivessem seus filhos, vocês os levariam pra lá, subiriam naquela mesma árvore e contariam nossas histórias a eles. E que vocês sempre dariam um jeito de passar por lá, em Bombinhas, como se fosse um tributo ao tempo em que passamos juntos. Bem, espero que o nosso leque de lugares aumente muito! E mesmo que não possamos estar juntos em tantas janelas novas que aparecerem em nossas vidas, continuemos com nossos bilhetinhos...
Já é dia 30 e logo vou escrever a carta da véspera da véspera. Até logo mais! Te amo! (Dizer que se ama, a quem se ama é uma das coisas mais preciosas, necessárias e que mais nos alimenta. A nós e a quem falamos... Por isso, adoro dizer que te amo!)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O após

Décimo primeiro dia - 28 de dezembro
(complementei mais hoje, pois o sono pegou ontem...)

Consideremos assim: hoje é o dia do após. Após de quê? De tudo o que precisar ser! Vamos brincar disso hoje?

Começando pelo niver da Vovó Estela, hoje é o dia após seu niver. E é o dia do após ficar sem ela. A gente aprende a reconhecer que, no final das contas, a ausência é apenas física. Dói,e a gente não se conforma nunca. A gente se pega de vez em quando com a sensação de que ela está com a gente em coisinhas banais. E estar após ela ter ido por outro caminho nos faz pensar nos caminhos que ela já percorreu. E tomamos consciência de tantos porquês de atitudes nossas que não explicamos. Mas que brotam de nós! Defeitinhos, exagerismos, inconformismos... E quando temos consciência de que algo não faz bem, embrenhamos em outra reta para fugir do extremismo. Tenta o equilíbrio!

Após, também pode ser, após você fazer vinte e um anos! A tal idade onde se reconhece a maioridade no Brasil! Como você me dizia brincando sobre teu niver: “Agora, já posso ser presa!”. E o que significa ter vinte e um anos? Ser dona e responsável pelos seus próprios atos! Ter de segurar a cordinha que liga a decisão à conseqüência. A ação à reação. A atitude à infinitude (ou a finitude). Completar esta idade que parece dividir o “poder” e o “não poder” é como estar diante de um muro e a passagem por ele ser tão difícil quanto dolorosa. Delimitando tudo o que já aconteceu, já foi do que virá...

Você já teve um momento deste. Lembra? Você ia completar 16 anos, tinha de decidir várias coisas, tínhamos brigado, você estava na casa de teu pai. Já era o mês de dezembro, férias e você havia passado num concurso do Fórum pra trabalhar como estagiária de Ensino Médio na Promotoria, no início do ano. Tinha combinado de ir trabalhar nas férias na Escola de Mergulho Hy Brazil, em Bombinhas por dois meses... E teria de parar de fazer algo que você mais gostava no ano seguinte: jogar bola. Treinar futsal no seu time de Londrina. Eram decisões a serem tomadas... Caminhos novos a serem seguidos... Deixar caminhos velhos já conhecidos... Então, te liguei e fui de buscar. Eu te levei lá pro Lago Igapó. Lembra? Você estava com cara de braba! Mas era puro medo! Você, depois de algum tempo de conversa, minha com você, com uma carinha de assustada, me falou: “Mãe, é que agora, eu estou vendo que minha infância ficou pra trás e não vai voltar. E eu nem a vi passar...” Foi algo mais ou menos assim que você me falou, assustada e caindo no choro! Era o reflexo de uma dor que todos nós passamos em algum momento de nossas vidas. Deixar a infância pra trás. Tenha se vivido ela, ou não! E você, ali naquele momento, teve a noção exata de que a SUA infância havia acabado! Você tinha um caminho a percorrer que incluía responsabilidades, trabalho, deixar o esporte como principal atividade na sua vida, como a SUA meta a ser atingida, para cumprir horários, obrigações, trabalho... E, naquele momento, creio que você percebeu que estava na “passagem”. Para a vida adulta! Eu me lembro que te falei que este passar para este lado incluía obrigações, mas incluiria também direitos que você não teria, enquanto criança, ou adolescente. Que você passaria a poder fazer outras coisas. E isto, no final das contas, inclui isto que você está usufruindo hoje! Todos nós sempre vimos que você era uma criança “adultizada” antes da hora! Responsável além da conta para sua idade, desde criança! Sofreu por isso. Mas agora, colhe os frutos disto. Tenho TOTAL CONFIANÇA EM VOCÊ! Hoje, você com tua pouca idade, tem responsabilidade de sobra pra enfrentar este desafio que você está enfrentando. E mais: com a tua própria luta e vitória de estar aí sozinha! Eu pouco contribui pra você estar aí. Você e a Le pesquisaram tudo sozinhas, buscaram a forma de concretizar este sonho. VOCÊ juntou suas economias, planejou e viabilizou que este sonho acontecesse. Pode ser que eu e teu pai tenhamos contribuído em coisas que exigimos na tua educação. Mas VOCÊ tomou posse de tudo que vivenciou até hoje. APROPRIOU-SE das ferramentas que a vida te deu. E está pronta pra viver um grande desafio. Você pulou etapas na infância. Brincou, viveu como criança. Mas teve responsabilidades de gente adulta antes do tempo. Mas hoje, vemos que foi bom! Porque é uma menina/mulher segura de poder fazer coisas que tantas na minha idade temeriam fazer... Engana-se quem pensa que você foi “bancada” por mesadas de seus pais. A ajuda que pudemos dar foi mínima! Foi você quem correu atrás de ter seus recursos para isso. E isto, não tem preço! Foram diversões deixadas de lado, saídas, lanches, festas que abdicou porque você tinha um objetivo. E eu sei que muitas vezes, os outros não entendiam porque você não saia, inventava tantas desculpas pra não sair, pra não gastar. Você tinha um objetivo! Noites mal dormidas, varando madrugadas pra estudar durante a semana porque quando você vinha pra casa, ao invés de receber o dengo de mãe, o sossego, comidinha pronta e cama e descanso nos finais de semana em Londrina, você ia enfrentar o tramps aos sábado e domingos para juntar este dinheiro. Filha, você foi GUERREIRA! Não me importa se você reprovar um, dois ou quantos anos for, porque não deu conta de estudar para todas as provas e trabalhos na faculdade! Você não reprovou porque ficou zuando por aí. Você abraçou várias coisas, é verdade. Conheço bem esta mania (e como!)... Mas o teu ano é muito mais cheio! Você vive uns três anos num só! Não se restringe a apenas a facul. Não sabia se isto seria um defeito ou qualidade. Hoje, sei que isto enriquece a tua vida de uma forma invejável! Pois você é uma menina de vinte e um anos com uma vivência muito além! O que você sonhou, buscou e está, agora, realizando equivale a uma experiência que faculdade alguma fornece. Nem pós, nem trabalho. São muitos que sonham ir pra fora do país. E muitos os que desistem por acharem que é impossível ir. Por não terem dinheiro. Por não terem apoio. Por não terem coragem. E por não conseguirem solucionar o seu próprio problema que os impede de ir. Apoio e coragem você teve. Dinheiro você não tinha, mas ralou por mais de um ano para guardar. Justamente no ano mais apurado para mim. E hoje, vejo que até nisto Deus nos mostrou ser sábio e tudo ser providencial. Pois seria tão simples eu ter todo o dinheiro pra você ir. E da forma como foi, você descobriu que pode fazer muito mais do que pensa poder. Serviu de exemplo para o teu irmão e, porque não, para mim! Desbravou impossíveis, realizou! E, ao abrir portas para você, nos dá o exemplo que podemos também enfrentar coisas tão intransponíveis e ir além. Querida, hoje você se tornou um exemplo de pessoa, mulher, guerreira para mim! E o título desta carta de hoje é infindável para você. Porque “após” é algo imensurável, imprevisível para pessoas de asas tão imensas como você!

Te admiro, te amo, me orgulho muito de ser sua mãe!

Falamos mais depois!

Beijo. Te amo

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Hoje é dia da Dona Estela!

Décimo dia – 27 de Dezembro
Hoje é niver da vovó Estela! Seriam 75 anos!
Interessante carregarmos junto da gente pessoas que nos são tão importantes... Mesmo que não as tenhamos conosco, sua presença é tão forte que raro é passar um dia de nossas vidas sem mencionarmos algo relacionado a ela ou nos lembrarmos de alguma cena, ter um “deja vú”, fazer ou falar algo e, em seguida, dizer: “Mas é bem Dona Estela, hein!”. Frases assim viraram chavão entre a gente. Clichês! Aqueles nossos flagras de nos pegarmos repetindo manias da vovó que, antes, criticávamos, achávamos engraçado e que, agora, fazemos...

Dias destes, na janta, nós em casa e aquele molho hiper gostoso de um frango que eu fiz, com caldo, creme de leite sobrando na panela, um restinho de arroz, o Gabri me pediu para servi-lo para arrematar o que havia. Não tive dúvida! Disparei: “Quer o arroz A La Dona Estela???” Tradução: Arrozinho regado ao molho “raspado” na panela! Ou seja, joga-se o arroz dentro da panela de molho, mistura-se bem e joga-se tudo no prato! Quem já não fez isso???

Outras coisinhas mais nos mantém ligados a ela. Aquela velha mania de ficar arrumando coisas pros outros fazerem, se atreverem-se a ficar parados... Traduzindo: não conseguir ficar parado! As indiretas da vovó quando queria que fizéssemos algo pra ela... “Ah, bem que podia fazer isso” ao invés de um “Faz isso para mim?”.

Tivemos a felicidade de passarmos um tempo bom com ela. Quando nós mesmos nos desvencilhamos de raízes muito fortes de brabeza, de exigências, de eficiências e cobranças. Aprendemos a ter bom humor. Muito bom humor! Ficamos craques em tirarmos um sarrinho nela só pra dar uma “quebrada” nela, para ela descontrair, dar aquela risadinha dela, tímida, para rir depois e relaxar. Quantas vezes fizemos isso? É verdade que naquela época, tivemos a influência de alguém que passou por nossas vidas e que, com o seu jeito brincalhão, pegava no pé da vovó, da gente. Era preciso sairmos da forma quadrada em que vivíamos! Pra aprender a relaxar. A sermos felizes com pequeninas coisas. Isto valeu! Ficamos impossíveis com a vovó! Enchíamos tanto o saco dela que, creio eu, ela desistiu de ficar séria com a gente. Pediu arrego. Relaxou. Entrou na dança! Ela mesma já aprendera a brincar também. “Quem te viu e quem te vê!” diríamos a ela...

Uma vez, lembrando como um amigo brincava com sua mãe já doentinha também, brinquei com ela, quando a vi andando bem devagarinho... “Aonde vai com tanta pressa, Dona Estela?” ela riu e se divertiu...

São pequeninas coisas que enriquecem nossos dias presentes. E que depois, lá na frente, num amanhã que, pensávamos, não chegaria nunca, resgatamos quase sem querer e ficamos sorrindo ao percebermos o quanto temos as pessoas que amamos com a gente! Falo de cenas. De gestos, manias. Fora pequenos objetos que teimo em manter comigo, numa forma de tê-la um pouco mais comigo ainda... Uma blusa de lã que ela mesma tricotou. A mantinha que ela costurou pra você, de enxovalzinho de bebê. Sua necessaire de levar suas coisinhas para a sauna. Umas anotações com sua letra. Saias que ela costurou e que eu me apossei e usei e uso ainda, quando me aperta a saudade dela.

A Dona Estela está impregnada em nós. Nas chaticezinhas dela. Nas manias que nem gostaríamos de ter. Nos feminismos dela. Mas está presente também em suas atitudes fortes, determinadas de não se entregar tão fácil assim ao que não conhece. A ter fibra. A ser guerreira. Não se entregar à doença. Não se dar por vencida. A superar o medo. A amolecer diante da necessidade de depender de outro de novo. No caminho inverso que toda criança passa, de se tornar independente, de ter de abrir mão de seu orgulho e depender de nós para pequeninas coisas. Como ir ao banheiro, tomar um banho, comer, levantar-se, apertar um botào de tv... Quem de nós tiraria isto de letra? Definhar na doença e manter-se lúcida, brigando com a morte até o fim? Quem de nós suportaria ver-se enfraquecer, resignar-se a tantas e tantas bolinhas coloridas de tantos remédios pra isso e pra aquilo e não se entregar?

Penso eu, que foi naquela conversa que tive com ela, de manhã, onde falei de cada uma de nós, suas filhas, sobre o que cada uma estava fazendo, que ela descansou. Falei-lhe sobre o que eu via que já havia reservado a nós. Sobre o caminho que cada uma já estava seguindo, da minha certeza que Deus estava cuidando de cada uma, que eu sabia que Deus reservava coisas boas a nós, a mim. Para ela ficar tranqüila. Descansar porque estávamos “encaminhadas”. Que ela não precisava mais se preocupar com a gente. E que ela iria pra um lugar onde, depois, todos nós os encontraríamos. Que ela sabia que havia uma vida após e que lá, todos nós estaríamos juntos, de novo, com corpos saudáveis e que seria eterno...

Sei que muita gente duvida e ironiza da fé dos outros. Há quem ridicularize dizendo que a fé é só uma forma de amenizar o pavor de morrer e acabar. Medo da sua própria finitude. Do vazio. Do acabar. Que é a forma mais estúpida de fugir da realidade. E então eu pergunto: se a realidade é viver o vazio das formas, das relações, dos sentimentos finitos, do breu que se segue a morte, prefiro a fé que me faz crer que lá na frente, a qualquer hora ou dia, eu poderei encontrar com todas pessoas que amei, amo e que já se foram. E que meus filhos, meus amores, meus amigos também estarão lá, um dia! Crer numa vida após a morte não é um consolo tolo. É um privilégio da fé. Esta mesma que é ironizada por quem pensa que sabe tudo e morre de medo por saber que não sabe nada!

Este dia, vinte e sete de dezembro, sempre será um dia especial para eu me lembrar da vovó Estela. Da minha mãe. Dona Kiyoko! Como se eu precisasse de um dia somente para me lembrar dela... Mas é o dia em que ela nasceu há 75 anos atrás! E foi aí que minha história começou, de certa forma.

Gi, você sabe que era a queridinha da vovó, não sabe? Tenho certeza que ela estaria vibrando com cada passo seu. Que antes da sua partida, daríamos um jeito de você ir se despedir dela, como sempre fazíamos antes de cada viagem nossa! Passaríamos lá e ela viria até o portão, com o seu jeitinho, ficaria nos olhando, acenaria, talvez corresse lá pra dentro querendo te trazer alguma coisa dentro de uma sacolinha de plástico, lógico, e ficaria ali sonhando ir junto, dentro dos sonhos que sonhou pra ela, que não realizou, mas que abriu portas para que nós realizássemos por ela. Ela foi uma sonhadora. Uma revolucionária para sua época. Ela incutiu em nós coisas que levamos sempre e pra sempre. Coisas boas, manias bobas. Mas valores, garra e determinação! Pense que ela, se pudesse, te diria com orgulho, que está muito feliz por você, assim como em cada uma das conversas que você tinha com ela, quando eu te ligava e você estava em Maringá e ela em casa. E eu a colocava pra falar um pouquinho com você... Só pra ela matar a saudade. Eu a via sorrindo e pela primeira vez dizendo, meio sem jeitinho, um “amo você!”. Você, filha, é especialmente especial! Amoleceu a carinha dura da vovó que nãos sabia dizer estas palavras a ninguém. Tem um mundo pela frente! Só posso te acenar e dizer sorrindo: “vá!”, como ela mesma faria...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Pincelando cores!

Nono dia – 26 de dezembro

Já vi tudo! Até agora, a cidade pela qual se apaixonou é Barcelona! Amsterdã foi a mais linda, organizada. Londres impressiona com a organização, horários britânicos, mas sobra impessoalidade (é isso?). Mas, acompanhando o que posta, sobre Barcelona, você denuncia uma terra quente, apaixonante, musical, E música vem da alma e vai pra alma! Bem, é apenas uma impressão. Será isso?

Passei olhando as fotos que você postou! Você descreve Barcelona musicalmente! Conta numa empolgação que logo se fica com a vontade de estar aí também! Sei, sei! Cada cidade com sua beleza e charme singular. Mas quando você diz: “cenas bonitas, música nas ruas e ainda tem MAR!” teus olhos estatelam tanto, que daqui se vê o brilho e a alegria!

E ver você, dando pinceladas rápidas em cada cidade, lembro-me das nossas viagens e vejo que nosso relógio faz milagres. Pois cabe uma infinidade de coisas dentro das nossas vinte e quatro horas que parece que os minutos se multiplicam! E pode ser que alguém olhe, entorte o nariz e diga: “Mas nem foi em tal e tal e tal lugar? Só passou dois dias ali?” E pra esta gente, você dá uma piscadela e diz faceira: “Tudo vale a penas quando a alma não é pequena!” E mais valem pinceladas rápidas que aticem novas viagens após, do que o comodismo de ir numa viagem desbotada, sem cor,

O sono bateu! Amanhã falamos mais!
Beijo. Te amo, sempre e pra sempre!

domingo, 25 de dezembro de 2011

Crossing the sea (Porque viver é uma travessia por mares...)

Sabe aqueles filmes água com açúcar que muita gente insiste em fazer de conta que acha bobo, tolo, mas que quando assiste ao seu lado, fica ali disfarçando, disfarçando que está fungando e... chorando???
Então... Passou hoje um filme que alguns adoram, outros acham ridículo e foi, a despeito de críticas contra, considerado o melhor musical dos últimos tempos. Justamente por não ter nenhum pezinho amarrado ao que é imposto como parâmetro do que é ridículo, brega, real, ou fora da realidade! Mama mia quando foi lançado já me chamou a atenção! Era certo eu gostar! Musical, Meryl Streep, ABBA, romance... Ahhhhh… Pode dizer o que quiser, mas é uma fórmula infalível para eu e mais uma quantia enorme de pessoas curtirem um filme!
Veja só: o que é que tem demais tudo ser absurdo? Qual é a intenção de um filme/musical deste? Com certeza, não é querer parecer com a realidade! Das músicas que brotam nas cenas, cantando e contando, o que mais impressiona é ver músicas antigas se encaixarem perfeitamente ao roteiro! Como se desde sempre fizessem parte da história. Por o amor romântico na história, desfechos que,embora previsíveis numa bela história de amor, resgatam os suspiros de ver que o amor tudo vence, supera, atravessa mares e o tempo. Ah, o tempo...

Não fui assistir quando me falaram que estava passando, mas no final, na hora de almoçar em família, TV ligada, assisti. E aquela cena em que Sophie canta “I have a dream” me fez ter uma vontade enorme de vir escrever. Ouvindo a letra, arrisquei entender e traduzir. E substituiria, sem atrapalhar a tradução, o “”I'll cross the stream” por “I’ll cross the sea”, pois é o que minha filha fez! E simboliza o que fazemos quando temos um sonho e precisamos deixar a terra firme e segura para nos lançarmos a ele.


Gi, você atravessou milhas e milhas atrás de seu sonho. Não permita que o retorno através dos mares reprimam o que você teve “acordado” em você! Muitos sonham. Mas é preciso ter coragem para atravessar milhas e milhas para ir em busca deles. Sair da terra firme, do ninho, do porto seguro... Vôos são sem retorno à mesma terra. Não porque você não possa vir de volta para onde você estava antes. Mas porque nem a terra deixada, nem as pessoas que ficam nem as que vão serão as mesmas. Assim como aquela história de que uma pessoa nunca passa pelo mesmo rio duas vezes. Mesmo que a pessoa seja a mesma e o rio também. Ela traz experiências, o rio mais terra, mais lugares trazidos junto de si. A alma que carregam é outra...
Estamos aqui! Voe seu vôo!


I have a dream

I Have a Dream
I have a dream
a song to sing
to help me cope
with anything
if you see the wonder
of a fairy tale
you can take the future
even if you fail
I believe in angels
something good in
everything I see
I believe in angels
when I know the time
is right for me
I'll cross the stream
I have a dream

I have a dream
a fantasy
to help me through
reality
and my destination
makes it worth the while
pushing through the darkness
still another mile
I believe in angels
something good in
everything I see
I believe in angels
when I know the time
is right for me
I'll cross the stream
I have a dream


Eu Tenho Um Sonho
Eu tenho um sonho,
Uma canção para cantar
Que me ajuda a enfrentar
Qualquer coisa
Se você vê maravilhas
Em um conto de fadas
Você pode agarrar o futuro,
Mesmo se você falhar
Eu acredito em anjos
Algo bom em
Tudo que eu vejo
Eu acredito em anjos
Quando souber que é a hora
Certa para mim
Eu vou cruzar a corrente
Eu tenho um sonho

Eu tenho um sonho,
Uma fantasia,
Que me ajuda atravessar a
Realidade
E o meu destino
Faz valer a pena,
Enquanto me empurra através da escuridão
Ainda mais uma milha
Eu acredito em anjos
Algo bom em
Tudo que eu vejo
Eu acredito em anjos
Quando souber que é a hora
Certa para mim
Eu vou cruzar a corrente
Eu tenho um sonho

sábado, 24 de dezembro de 2011

Natal do invisível!

Sétimo dia- 24 de dezembro
Querida, estamos nos preparativos de ir para Arapongas. Saladas separadas, sobremesa feita e sorvete comprado, maionese preparada. Já, já as pessoas começam a se reunir par a ceia de Natal. E os costumes de cada família são postos em prática para reunir a família e passarem tempo junto. TEMPO JUNTO! Este é o segredo! Este é o fim!

Todo mundo já sabe e já está careça de saber sobre as inversões de valores que passamos sobre o Natal. O principal personagem esquecidinho, apagadinho em nome do consumismo. Lamentável tanto quanto necessário estabelecer o ponto de partida. Vamos pensar assim: Natal? Dia do nascimento de Jesus? Então vamos transformá-lo no dia do nascimento de atitudes! Se a Páscoa é estabelecida como o dia da Ressurreição, de vidas transformadas, vamos estabelecer o Natal como o dia de nascer aquilo que precisa vir à tona para salvar aquilo que anda perdido...

Decisões! Enxergar, reconhecer o que está posto e tomar decisões do caminho a se seguir! Ter uma conversa sincera e direta, a sós, consigo mesma, para se permitir dizer: “pra onde mesmo eu estou indo? É isso mesmo que eu quero fazer?” Você mesma diz que a viagem real é aquela feita para dentro de si mesma! O Cenário ajuda, estimula, enriquece, com certeza. Mas em toda grande viagem relatada em livros depois, a conclusão é sempre a mesma: quando se segue por novos horizontes, o que se busca saber é qual o caminho a se seguir no instante imediatamente após o agora! E sei que tudo o que for passar aí não será por acaso. Você terá vendas tiradas de seus olhos. Mas também terá de tirar as vendas de seu coração também. Permitir-se errar, ser fraca, ser forte, mas ser honesta com o que você, realmente deseja. Você! Não eu, nem seu pai, nem os que te descrevem como um perfil do que vêem. Vá fundo nesta viagem. Chore, ria, grite, pule, saltite, caia, levante, silencie. É tempo de você se dar o SEU presente de Natal. Conhecer-se a si mesma. Permitir-se ser quem você é. Riscar o contorno de lápis. Por cores. Mas ser de lápis para você poder apagar e aumentar, vir pra cá ou pra lá, conforme for sendo a dança. Para o contorno servir apenas como um parâmetro. Um lembrete de quem você é, de onde veio. Mas nunca uma prisão, dentro da qual você deve ficar e nunca sair. E saiba que, quando você descobrir, você poderá caminhar com passos leves, pois quando não se sabe para onde se quer ir, os passos são arrastados, como se protelando de se chegar a algum lugar. Se você souber quais são as coisas que te movem, saberá usar as asas que já possui...

O que eu poderia desejar a você neste natal? Oras... exatamente o que você está tendo! A concretização de um grande sonho! Filha, o brilho dos olhos só é despertado por grandes coisas que se avista, se deseja e se busca. E este brilho não deve se apagar nunca! E quando chega o momento de se abraçar o que se vislumbrou outrora, o brilho se junta com um sorriso largo no rosto. O rosto todo é tomado, o entusiasmo se instala e você nunca mais consegue guardar este sonho só pra você. Pois sonhos que são concretizados passam para o mundo da realidade e você se torna responsável por aquilo que contagia! As pessoas, ao verem outros realizando sonhos, CRÊEM! E isto modifica o mundo!

Filha, acredito imensamente no poder das suas palavras! Está chegando o momento de você fazer brilhar seus olhos na mensagem que pretende transmitir a outros. Creia! Aja! Quem tem convicção, convence! Quem acredita, realiza! As palavras têm poder! O interlocutor é aquele que faz o milagre de transformar vidas e pessoas por ter a coragem de não se calar! Vá! Este é o melhor presente que você poderia desenhar pra você!
Amo você e estarei sempre aqui pra ser o porto seguro do retorno!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

É real!!!

Sexto dia – 23 de dezembro
Viajamos! Constantemente, todo dia, a qualquer momento! Mas registrar parece tornar o visto em real. Há pouco tempo atrás, eram planos. Há um pouco mais de tempo atrás, eram sonhos. Mais tempo ainda, impossível, impensável, inexistente. Mas olha só: hoje é REAL!

Passei dois dias no vazio de não receber notícias tuas. Preparei-me para não falar com você todo dia, pois sabia da dificuldade de acesso à internet e talz. Mas ter falado com você logo no primeiro dia, pelo celular, depois pela Skype, te ouvindo e te vendo me deixou mal acostumada! E saber da mudança de Amsterdã para Londres sem ter notícias tuas me deixou apreensiva. Tudo esclarecido, acesso difícil à internet, tranqüilizei-me. E hoje, uma grata surpresa: ver teu blog!!! Teu Diário de bordo acontecendo... Ver os CLICs... Dio! É real! Vocês estão mesmo andarilhando pelos cenários da Europa! E aí, voa a mente pelo tempo...

Você postou imagens, escreveu pouco e deu uma leve pincelada em tanta coisa que você deve ter visto. Viajei junto! Sempre estou com você! Fui rolando a barra para ir vendo, como se você própria estivesse me mostrando as fotos e me falando de cada lugar! De repente, vi... NEVE!!! Sonho pequeno, não tão impossível aqui no Brasil, mas dependente de acertar o ano, o dia e estar no lugar certo, na hora certa, porque a “nossa” neve é melindrosa. Não é todo ano, a toda hora e não se sabe exatamente o lugar. Em 2006, quase vimos. Rodamos pra encontrá-la. E ao chegar em São Joaquim, Nada de neve. Já havia derretido tudo! Agora, vejo você debaixo dos pontinhos brancos descendo do céu e penso... “outro sonho acontecendo!”
Palavras exprimem, resumem pensamentos, sentimentos, momentos. Li numa das fotos “corajosa”. Sim! Acreditar em algo, planejar a sua busca, e dar o passo que leva até ele é frase feita de qualquer palestra na faculdade, em empresas que ensinam sobre iniciativa, liderança, sobre ser bem sucedido. Mas ver você acreditando, ajuntando todas as tábuas que necessitava par erguer esta grande casa que abriga seu sonho é algo indescritível pra mim. A despeito de toda adversidade, falta de grana, disciplinas para exame na UEM, opções mais fáceis ofertadas a um custo muito maior, parecendo ser absurdo vocês acreditarem e quererem ir a um custo bem menor, tudo, tudo parecendo UTOPIA. Mas que seria de nós se as utopias não tivessem existido um dia para serem alcançadas?

Gi, senti um orgulho infinito em ver teu blog. Ler, passear pelos Clics que você colocou por lá... Passei a te admirar ainda mais um tanto! Pessoas que caminham, seguem, correm atrás de seus sonhos são dignas de admiração, sempre! Pois transpõem a barreira definida há séculos do que pode ser feito, aceito, suportado e alcançado. Mas diferente disso, o grande realizador, de fato, nunca acredita muito nesta história de aceitar tudo do jeito que está. Contraria, duvida do óbvio.

Estou aqui, estou aí!
Beijo! Te amo!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Dia de Praia! Faz de conta que estamos em Bombinhas!

Quinto dia – 22 de dezembro
Mãe de dois tem que multiplicar o relógio do dia por dois! Pois quase que perco a postagem do dia? E relógio anda só pra frente, sem desconto, sem segunda chance de passar pela mesma hora duas vezes! E hoje foi dia de Gabriel!!!
Bem,fui recauchutar meus velhos óculos de sol para agüentarem mais um tempo e para aproveitar a hora paga no estacionamento (Londrina, definitivamente, não tem vaga de estacionamento para carros nas ruas!) e entrei no Shopping. Pretendia procurar um óculos de natação para dar de presente pro Gabri. Como não havia nenhum por ali, vi umas Crocs... Mas já viu, pra acertar o número do teu irmão, melhor seria voltar lá com ele. Olha só a raridade: eu, euzinha, duas vezes no mesmo dia num shopping apertadíssimo para ver coisinhas...
Como teu irmão trabalhou até tarde, voltou para casa já quase oito e meia da noite. Saímos um pouco mais de nove horas e voamos pra lá! Em ritmo de férias não tiradas, janta feita e não comida, banho tomado após uma faxina na casa (finalmente!), entrei no clima “Bombinhas”... Shorts curto, frente única, cabelo molhado, Crocs no pé e vento.. vento na cara na hora de andar nas ruas! Coisa mais deliciosa... tive a breve sensação de estar andando nas ruas de Bombinhas... Depois das horas obrigatórias no meio da civilização (ou não!), no meio da selva consumista de “comprar-comprar-comprar”, saímos do shopping com o Gabri com um sorrisào, sacola na mão e um baita roncão na barriga! Fomeeeee!!!
A janta já estava pronta, bolo feito também. Mas faltava aquela cobertura... Chocolate “dos padres” na panela novinha onde não gruda nada e PÁ-BUF! Bolo com os respingos escorrendo da cobertura em torno do bolo e mesa posta! Risoto de arroz integral com franguinho desfiado, aquela saladona exagerada de alface, batata e beterraba, pepino japonês a La “Vovó Estela“ e, enfim, jantando...
Lombrigões que somos, emendamos a janta atrasada (já eram mais de onze da noite!) com a sobremesa. Se fosse minha mãe aqui, safadamente, cortaria só as beiradas para “roubar”toa a cobertura...
Bem, faz cobertura, esquenta novamente o arroz, ajeita salada lava louça e... O horário!!! Corri pro note escrever...
Bem, saída à noite pra bater perna é típico de Bombinhas-verão- férias!
Olho fechando (conhece a cena??? Nào???)... Hoje, carta zás-trás traz mais de você aqui! Vai ser uma experiência “fazer” as férias por aqui mesmo, sem ir pra “nossa“ casa em Bombinhas... Bom para relaxar e levar bem a sério o fazer parecer com as férias....
Sem notícias tuas há dois dias! Escreva! Beijo, te amo!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

De propósito!

Quarto Dia – 21 de dezembro
Quem já não ouviu a frase: “Não foi de propósito?”
Então, é de propósito que eu estou escrevendo todos os dias! É por um propósito que nos disciplinamos, seguimos em frente, focando algo que queremos muito fazer. É por um propósito, por vontade própria, que deixamos outras coisas de lado para realizar algo.
Propósito - sinônimos: alvo, desígnio, escopo, fim, finalidade, fito, intento, intenção, intuito, mira, objetivo.

Nem sempre, estamos dispostos a algo. Vem a preguiça, a canseira, o sono, o desânimo, a falta de tempo... Se deixarmos, há inúmeros motivos pra nos afastar do ALVO. Lembra-se, Gi? Que eu costumava falar quando vocês eram pequenininhos que quem se justificava muito era um perdedor? Que quando se justifica a falta, a ausência, o erro, a atitude errada, a pisada na bola era porque faltou a atitude, a decisão. A determinação para seguir e tentar vencer. E quem passa a vida se justificando, não vive, vê a vida passar, somente! Temos mais obstáculos do que aberturas escancaradas convidando-nos para entrar.

Hoje, novamente, vim tarde para o notebook. Ontem comecei a postar, mas acabei disponibilizando o texto bem tarde. Hoje, vim tarde de novo e você me conhece bem... Se eu desse aquela encostadinha típica minha no sofá, na cama, em qualquer lugar com aquela minha história: “só dez minutinhos...” você sabe bem no que ia dar, né? ZZZZZZZZZZZZ... Então, hoje o que venceu foi o propósito. O de escrever diariamente pra você! Aqui estou!

Imagino você agora em... Londres!!! Parece coisa de criança! Ver em livros de colégio as fotos do mundo afora, tão distantes, inalcançáveis... E, agora, você aí! Foi ver a troca de guarda no Palácio? Ahhhhhhh! Cada um tem algo que lhe chama a atenção em um país! E você passará o seu natal londrino! E naquela brincadeira de palavras que gostamos, estará em terras londrinas... sendo uma londrinense de pé vermelho!

Sabe, uma vez li num livro sobre corridas de Haruki Murakami “Do que eu falo, quando eu falo de corrida” que ele, encafifado com a idéia de falar com um corredor de elite se ele nunca acordava sem vontade de levantar cedo e sair pra correr, pois ele próprio se deparava com este dilema todas as manhãs... Qual não foi a sua surpresa quando ele ouvia a resposta “Sim, todos os dias!”. De acréscimo, recebeu a cara do rapaz do tipo “que pergunta tonta!”. Bem, muita gente vende e até tem mesmo esta disposição TODO DIA! De acordar cedo toda manhã com aquela cara de felicidade e sair pra correr. Acontece que, mesmo sendo uma paixão incondicional, nem sempre o corpo responde de imediato, feliz ao comando “Levanta e corre!”. Da mesma forma, o propósito ajuda a manter o foco no alvo! Escrever todo dia? Sim! Todo dia! Se tiver sono, também, cansaço, dias ruins, falta de tempo. Porque estas coisas todas não podem ser maiores que a vontade da gente! E, acontecida a “tentação” o melhor é disputar e ganhar esta medição de força, de quem vence a parada! Não é todo dia que todo viciado em corrida acorda disposto, sorrindo, tinindo e sai pra correr. Aqui, não será todo dia que escrever será tão confortável. Porque, afinal, vida confortável é vida no “morno”, no mesmo tom, sempre, na mesma freqüência sonora. Tão ensurdecedora, quanto emudecedora! E é a hora de falar a emoção. Acima da razão que manda parar. Há certas coisas que tem um tempo certo para acontecerem.

Querida, persevere! Tenha o propósito sempre firme! Realimente-o. Quero ver fotos! E mande seu link, do seu blog! Ainda não consegui acessar.
Beijo! Te amoooo!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A Caixa de lápis de cor de infinitas cores...

Terceiro dia – 20 de dezembro
Pois então, Gi! O relógio gira rápido quando estamos fazendo algo tão bom! Vendo que você programou os dias de dezembro passando em várias cidades, cada uma delas num país diferente, para tentar aproveitar, ao máximo, as duas semanas antes de começar a trabalhar, me lembrei de nossa primeira viagem em 1999! Lembra? Foram 43 dias viajando. Aterrissando pela primeira vez em vários lugares e retornando a outros velhos conhecidos meus. Você tinha oito anos e passaria seu aniversário de nove anos no Beto Carreiro. Era o máximo! Ainda mais com aquela sensação gostosa de ter o “free” para aniversariante... Interessante como cenas de viagens marcam a gente... Cada coisa que falávamos virou um “clichê” para nós! Como o “aproveitar o dia” quando ele já parece ter se estragado (Como foi em Barra da Lagoa! E depois eu escrevi no verso da foto de vocês, tirada lá!). E vejo o quanto isto tudo reflete, hoje, em sua viagem. Gostamos de símbolos! Metáforas. Palavras que representam, ou resumem alguma cena, episódio passado, ou lição aprendida! Da nossa primeira viagem foram muitos aprendizados. E naquela época, como era ousado o que fizemos!!!

Pode parecer algo tão irrisório, hoje, mas uma mãe viajar sozinha com duas crianças, uma de quatro, outra de oito anos, por 800 km, dirigindo seu carro por quarenta e três dias... Era loucura! Muita gente censurou, condenou, duvidou, pôs gosto ruim, ignorou ou não entendeu. Eu sabia, na época, o que representava para mim: o resgate da melhor herança que eu havia recebido de meu pai. O pé “viajeiro”. O sangue aventureiro de gostar de estrada. Ir a lugares. Levar os filhos para conhecer novos lugares. Não tínhamos este hábito em nossa família. Então, eu decidi botar o pé na estrada com vocês, sozinha, para termos “tempo junto”! Para desenharmos nossas lembranças para depois. Para abrir janelas. Passar por portas. Avistar o horizonte longe e ir buscá-lo! E, a cada vez que nos aproximássemos dele, avistar outra pontinha nova de horizonte para desejar buscá-lo e seguir de novo. Para não cansar nunca de seguir. De ter sonhos e acreditar neles. Era algo, para muitos, impossível. Seria difícil, mas jamais impossível para nós. O primeiro medo foi vencido. Afinal, tanta coisa poderia acontecer... O carro quebrar, passar por um trânsito ruim, eu ter sono, cansaço na estrada, vocês se incomodarem, adoecerem, passarem mal no caminho, acidentes!!!! Tanta coisa... E nada disso aconteceu! Como saber do caminho se não passar por ele? Como saber o que será se não tiver a coragem de atravessar as pontes que se apresentam a nós? As pontes que nos separam do que se sonha e o que se realiza? A ponte que separa as pessoas que vislumbram desejos e apenas vislumbram, deixam o bonde passar, daquelas que vislumbram, têm seus olhos brilhando, faiscando, têm o coração tomado do ENTUSIASMO e CRÊEM e AGEM na busca deles?

Sabe, querida, eu era do tipo que fazia as coisas e nunca me arrependia. Depois, percebi que não “era feio” errar, reconhecer o erro e se arrepender. A- RÉ- PENDER! Ou seja, querer dar a ré em algo feito. Voltar atrás! Por tantas vezes, então, me flagrei me arrependendo de coisas erradas que fiz em seu caminho. E eu enxerguei coisas das quais me arrependi em sua vida. Exigi demais, cobrei demais. Impus demais. Mas a vida é feita de oportunidades. E estas, não são apenas os cavalos brancos que passam diante da gente. Os trens que subimos. Mas a oportunidade de perceber decisões erradas e pedir perdão. E mudar a direção. Mudar o conceito “imutável” que quando errado, só nos impede de estarmos juntas. Ou distancia pela inflexibilidade que toda posição muito firme impõe. A vontade de acertar sempre com vocês me fez errar muitas vezes. Mas é recompensador olhar e ver que em muitas coisas acertamos! E há algo que não me arrependo nem um pouco de ter valorizado em nossas vidas: VI-A-JAR! Pois planejarmos e passarmos nossas férias juntos nos ensinou a valorizarmos o tempo junto. A pensarmos em coisas agradáveis pra fazer. A curtirmos as mesmas coisas. A curtirmos ver o outro fazendo/aprendendo coisas em comum, ou só suas. Foi assim por todos estes anos em que priorizamos nossas viagens de férias em Bombinhas, Floripa, Imbituba, pras montanhas no Caparaó, Itatiaia, São Joaquim, ou qualquer que fosse o destino. Sempre juntos, chegando a ser até egoístas! Pois era uma regra secreta e nossa irmos apenas nós! Para que compensássemos o pouco tempo passado junto durante o ano todo e estarmos na maior parte do tempo das férias juntos. Funcionou! Valeu! Há várias cenas que eu tenho certeza que você e seu irmão guardarão para sempre. Valores que nunca, nem ninguém tirará de vocês. Lembranças que permanecerão...

Creio que, exatamente, por eu ter acordado um dia e visto que isto valia à pena, você teve tão incutido em você o desejo de viajar! Viajar abre portas. Faz passar através das janelas pelas quais debruçávamos, apenas, olhando horizontes longínquos. Viajar tem a mágica de conhecer lugares, pessoas, culturas diferentes e ampliar na mente as possibilidades dos caminhos a se tomar. É como alguém que possui uma caixa de lápis de cor de doze cores. E aquilo está muito bom pra ela! Com as doze cores, ela pinta desenhos lindos. Colore qualquer desenho que lhe coloquem em suas mãos. Mas um dia, enxerga outras cores mais! Percebe que há outras nuances do seu azul. Do seu rosa, do seu verde. Que existe uma combinação infindável de tons e sobre-tons e intensidades e claros e escuros. E alguém lhe oferece uma caixa de lápis de cor de vinte e quatro cores. E ela usa, deslumbradamente, as vinte e quatro cores. E passado um tempo, vão lhe oferecendo outras caixas mais. Com mais e mais cores...

Depois de conhecer outras cores, é impossível conter os olhos de uma criança que já descobriu que existem outras cores mais para se usar. Depois de abrir as janelas e apresentar o horizonte lá longe, é impossível conter as asas de quem quer voar para o azul, o rosa, o laranja que o infinito mostra! Assim como a caixa de lápis de cor, a possibilidade de colorir o dia, o mundo é infindável! É preciso ter alma de criança para acreditar e olhos de artista para enxergar. E asas bem amplas, desatreladas de amarras para alçar este vôo!

Filha, querida, tudo isto você já tem! Olhos brilhantes de entusiasmo. Alma de artista, sensível para perceber as cores. O horizonte te espera. E que bom que nunca alcançamos, de verdade, o horizonte. Pois assim, sempre desenharemos uma linha um pouco além. Para não pararmos nunca de seguir...

Hoje, nos falamos pela Skype! A tecnologia tem coisas extraordinárias. Encurta distâncias. Aproxima pessoas. Lembra aqueles desenhos animados da família Jetsons? Quando há muito tempo atrás, víamos as pessoas se falando por televisões gigantes, onde podia se falar e se ver, ao mesmo tempo... Chegamos a esta era. É fantástico poder vê-la. Mas isto só tem sabor por termos semeado a capacidade de amar a distância. De nada valeria tanta tecnologia se não houvesse amor para aquecer e falar através de botãozinho do “ON”.
Longa carta de hoje! Para reabastecer de energia! Passar calor! Amo você! Sempre e pra sempre!
Mammy

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Vinte e um Papeizinhos... e outros bilhetinhos mais!

Segundo dia – 19 de novembro
Hoje é um dia especial! Dia de finalizar um enrosco grande do passado. Fim. Acabou. Agora, é começar a engatinhar para erguer os tijolos de novo. Passei em casa antes de ir ao trabalho, caindo as fichinhas do que significa o que aconteceu hoje...
Então, antes de sair, o celular toca. Número confidencial... “Oi?” e do lado de lá... “Mãããããeeeeeeee!!!!!!” Não emudeço, óbvio! Difícil me fazer calar. Até acontece, mas em situações bem extremas que me pegam de surpresa e me deixam sem ação. Mas ouvir sua vozinha me deixaria sem ação???? “Queridaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!”
Esta tecnologia é uma coisa absurda de boa! Se antigamente já era emocionante recebermos uma carta escrita com a letrinha da pessoa em nossas casas, numa questão de dias, imagine falar por telefone com alguém que está lá do outro lado do oceano! Que a internet faça milagres também, ao nos comunicarmos via email, via redes sociais, instantaneamente, via webcam, skype e etc, etc, reconheço todo este mérito. Mas, ouvir a voz ao telefone... Ahhhhhh... Não tem preço! Mesmo porque a voz é tal qual falarmos com a pessoa ao vivo! E eu aqui já andava me lamuriando que não teria o meu contato diário com a Gi! Que nada! Hoje compreendo a diferença de anos-luz para a distância de trinta anos atrás e a de hoje.
Quase sem falar rápido (quase não falamos rápido demais!) me relatou este breve espaço desde ontem às 18horas e hoje às 12h15’. O Hostell maravilhoso, melhor que hotel. De chip na mão e alguns créditos, ela e a Le dividiam o celular para avisarem cada qual a sua família que chegaram vivas e estavam lá congelando!!!! Frio, frio, frio pra caramba! E ela acabou descobrindo todos os meus bilhetinhos surpresas que espalhei dentro dos bolsos das roupas de frio, para ela descobrir quando já estivesse na Polonia. Que escrevi e dobrei como origami em forma de borboletas contendo mensaginhas e palavrinhas para acompanhá-la. Bobice minha! Lógico que a Europa é quase uma coisa só, em termos de clima. E frio na Polonia significa frio na Holanda, na Inglaterra, na Espanha, na Itália. Com certeza, ao aterrissar, ou antes disso, abriu a mochila e retirou de dentro dela o nosso humilde estoque de roupas de frio para colocar TODAS para se aquecer. E nisto, abrindo bolsos daqui e dali, foi descobrindo estes bilhetinhos...
Bem, estive passando os dois últimos dias com ela, nos seus intervalos entre uma prova e outra. E, enquanto eu ficava sozinha em sua casa, fui inventando algumas coisas para EU ir com ela em sua bagagem. De aniversário, foram 21 papeizinhos, 21 recadinhos, um para cada ano de sua vida. Escrevi para ela, um relato das coisas mais importantes de cada ano de sua vida. As mais marcantes. Como se fosse uma recapitulação. Aquelas “retrospectivas” que as redes de televisão adoram fazer! Foi gostoso! Relembrar pequenas coisinhas que fazíamos, clics, frases, momentos imperdíveis e que nos marcaram. Pra quem se acostumou a escrever teclando, imagine passar a tarde toda amassando os dedos na caneta! Como é maravilhoso escrever!!! Por pra fora coisas que ficam guardadinhas na memória do coração. E que conservam a seiva da alma. Não deixando a gente se endurecer. Ainda sobrava tempo e, então, dá-lhe papeizinhos! Recadinhos, bilhetinhos com mensaginhas, escritinhas a mão e dobradas todas em forma de borboleta, um origami que aprendi a fazer quando dava aulas aos pequeninos e que os encantava. Simbólico! Borboletas voam. Borboletas têm uma mágica que nos encanta e nos leva junto. Eu, de fato aterrissei com ela em Amsterdã! Em forma de borboletas que foram em seus bolsos. Clandestinamente, estou lá com ela. E aqui, estarei contando as proezas e aventuras que suas asas puderem alcançar.
Gi!! Este relato foi sobre você. Mas nem escrevi como se fosse pra você. Estava contando apenas como foi a arte de escrever bilhetinhos pra você ler. Lembra-se? No dia das mães, em sua terceira série, no Colégio Delta, as crianças tinham de contar num trabalho o que elas mais gostavam que suas mães fizessem para ela. A maioria em massa colocou: bolo de chocolate, doces, comidas. Não que eu não tenha meus dotes culinários, mas o que você escreveu ali me marcou pra sempre: meus bilhetinhos! Que assim seja! Mais um bilhetinho meu pra você!

domingo, 18 de dezembro de 2011

“Pois quem ama e fica, nunca fica de fato só. E quem vai, nunca segue sozinho!”

18 de dezembro de 2011.
Primeiro Dia: Você acabou de mandar uma mensagem, a última antes de decolar! E até agora, segurei as pontas pra não chorar de saudade. Ao enviar uma resposta pra você, já sabendo que não haverá mais nossas mensagens da TIM a toda hora, já me deu aquele aperto no peito e o choro veio.
Falamos em saudade. Falamos em ir junto e permanecer juto quando existe o amor. Sim! Eu sei que estou aí com você, em teu coração. Imagino cada coisa que deve estar te passando em tua cabeça, o que você está falando com a Le, ao teu lado. Devem estar olhando pela janela, se tiverem a sorte de cair perto de uma, já que estes aviões internacionais são bem maiores do que aqueles nacionais que você já voou, uma única vez, de Porto Alegre pra cá! Imagino o friozinho na barriga, a ansiedade. Imagino você falando pra Le “Agora é de verdade! Agora é pra valer!!!!” E um “Estamos indo, Leeeee!!!!”
Cada conquista tua até chegar a isto, este teu vôo hoje, foi curtido, desejado, esperado. É uma vitória. E por ser assim, algo tão sonhado e buscado, até agora, só tivemos alegria em ver que estava tão prestes a acontecer. De maneira nenhuma, agora, chama-se tristeza o que sinto no peito. É saudade! É um aperto no coração que comprime até fazer sair um choro. E vejo que o choro de saudade é um choro egoísta. De sentir a falta que a pessoa amada nos faz! Parecido com a saudade que sinto da vovó. De pensar que não mais poderei ir lá, ficar juntinho passando um tempinho com ela, alugando-a, fazendo-a rir, massageando-lhe as pernas inchadas, conversando à toa, ou lhe dando um conforto em palavras daquilo que ela não achava mais. Eu sei que você vai voltar! Eu sei que ainda tem um tempo pra passar com a gente aqui perto, até resolver o que fazer com a faculdade e após a faculdade. Mas, grudadas do jeito que somos, mais as facilidades do celular, falávamos diariamente, ou quase. E mandávamos mensagens aos montes. E agora, veio o vazio... O celular não será possível usar, é muito caro! E o coração se comprimiu pela falta que você vai fazer, sem eu sentir você pertinho, como sempre fazíamos pra acalmar a saudade que dava, aplacar a falta que fazia estarmos juntas pra contar qualquer bobeirinha, uma novidade, um sucesso, Pra chorar um pouquinho, alguma tristeza...
Sei que existe, sim, a internet! Mas você não estará instalada em uma casa por lá. Ficará em Hostell. Alojamentos. Não terá esta facilidade de acesso à internet, às redes sociais como temos por aqui! E adoramos recadinhos... Por isso, uma das coisas que farei neste tempo longe, é te escrever um pouco a cada dia! Assim como te perdi um “Diário de Bordo” da tua viagem, escrevo o meu “Diário de Porto”. Porto seguro! Aquele onde você sempre pode voltar, regressar desta viagem e de todas que virão ainda! Pois é daqui que você partirá, a cada partida. Pois tuas coisas estão lá, em Maringá, no teu quarto. Mas o ponto de partida da gente, quando nos embrenhamos na busca de um sonho é o nosso berço. Nossa família. Então, teu porto seguro para cada um dos teus sonhos, sempre será aqui!
Temos alguns rituais bobos. Mas nossos! Eu sentia a necessidade de estar a sós, quietinha, no mesmo instante em que você estivesse decolando. Queria mentalizar você nas nuvens... Subindo, alcançando o alto, imaginando o teu sorriso... Você, talvez, tenha se segurado pra não soltar aquele nosso gritinho de “yessss!” quando o avião descolou do chão! Já faz uma hora de quando você enviou a mensagem de que já estava quietinha sentadinha no avião, esperando decolar. Agora, talvez até já tenha se acalmado. Mas se bem te conheço, está a mil, ainda conversando com a Le! Se ela pegar no sono, você fechará os teus olhos e ficará imaginando a viagem... Sonhando... Porque, a bem da verdade, com a correria louca que foi as tuas últimas semanas na UEM, São Paulo, exames, provas, reuniões, você nem teve tempo de ver cair as fichinhas de que você, realmente, já estava indo. E você... ESTÁ INDO!
Sabe, percebo o quanto as palavras têm o poder de ligar as pessoas! Estava com o coração apertadinho. Saudade. Choro egoísta de quem sente falta de quem se foi. E você me conhece bem. A necessidade que tenho de escrever nestas horas é quase tanto quanto a de respirar! O corpo sabe bem o que faz bem. E ao vir pra cá pra dedilhar já fui me acalmando, pois, te escrever, saber que estou falando com você pra você ler daqui a algum tempo, me faz sentir você pertinho de mim. Nos liga! Rega e aquece nosso amor. E mantém a cordinha que liga duas pessoas que se amam e não estão juntas fisicamente, unidas.
Falei pra você que você, mesmo de longe e por estar longe, me faria um grande bem. Me faria fazer o que mais gosto: escrever! E cá estou! Iniciando meu “Diário de Porto” pra você saber o que vai indo por aqui, enquanto você está aí. Para resgatar um velho e tão mágico hábito. O escrever cartas a quem se ama! E fortalecer, em nós, um velho hábito nosso que cultivávamos que era o de escrever bilhetes... Nisto, nós duas somos muito parecidas. Somos meio duronas pessoalmente. Com cara de eficientes, brincalhonas, mas sérias. E expressamos melhor por palavras escritas, os nossos sentimentos... E temos feito isto. Estou, ultimamente, transbordando palavras pra te dizer o quanto me orgulho de você estar realizando um sonho teu. Pois ele tem valor maior, muito maior por ser algo conquistado por esforço teu. Não foi bancada por mesadas, nem “paitrocínio”, nem “matrocínio”. São tuas economias. Você desenhou este sonho, planejou-o e, agora, está começando a andar por ele! A enxergar as cores deste céu novo. A respirar o ar novo. Logo avistará os mares novos. Conhecerá novas pessoas, novos desafios. Aprenderá uma nova língua. Por isso, ultimamente, brotou tanta coisa pra eu te escrever. Porque, se falamos melhor por palavras escritas daquilo que está cheio o coração, então escrevemos! E hoje, meu coração transborda de alegria por você. De saudade de ter você pertinho. De certezas de que tudo até agora valeu a pena. De desprendimento pra curtir o seu vôo sem mim. De convicção de que está tão pronta pra este vôo e tão certa que num momento destes em que não posso estar junto, há um Pai maior que te acompanha com asas muito maiores, imensas, infindáveis, onipresentes. Que te acompanharão e te protegerão. E te levarão pelos melhores caminhos!
“Pois quem ama e fica, nunca fica de fato só. E quem vai, nunca segue sozinho!”