Quer participar de nossa conversa?



Giovana, minha filha, viajou em busca de seu sonho. Europa e Polônia fazem parte do itinerário. Daqui, lhe escrevo cartas. De lá, em seu blog, relata a cada dia, tudo o que vem acumulando em lembranças.

Este espaço é aberto a todos que entram aqui para compartilharem este gostoso sentimento da SAUDADE! Que, por alguma razão, têm uma afinidade em lerem "Cartas para quem se ama". De verem em linhas, sentimentos que lhes são tão familiares. E, a mim, será um enorme privilégio poder ler suas impressões e comentários.

Para isso, clique em "comentários" e digite suas palavras na janela que se abre. Se você tiver um pefil já definido (Google, WordPress, Nome/URL, etc) é só selecionar, senão, pode selecionar a opção "anônimo", aí é só "publicar"! Se quiser, identifique-se com seu nome e e-mail, ao final, pois assim, poderei fazer contato!



Bem vindo a bordo no Diário de Porto!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Saudade lapida o amor...

Décimo segundo dia – 29 de dezembro

Ano se encerrando. Quantos países você já conheceu? Quatro! Em quantos dias? Onze... E vejo que isto é apenas uma pincelada para despertar em você, aquilo que já era tão evidente e inevitável! Pé na estrada, janela aberta o odômetro do coração girando... Seu GPS chama-se “Giovana Pés Sonhando”, pois naquelas fotos que você já costumava tirar de seus pés, provavelmente, você imaginava-se com eles mirando diversos lugares. E sonhar é o primeiro passo para realizar coisas. O segundo é planejar. E o terceiro, acreditar acima de tudo que diga não!

Gi, herdamos coisas que determinam nossos caminhos. Nem tudo é favorável a conseguirmos o que queremos. Cabe a nós, a cada um de nós, separarmos aquilo que faz parte da vida que queremos. Muitas vezes, sofremos por termos a teimosia que nos distancia das pessoas que amamos. Freqüentemente somos duras, fortes demais, firmes demais e temos de nos permitir sermos falhíveis, chorar, querer colo e o mais difícil: aceitar colo! Algumas coisas são tão impregnadas que por mais que saibamos que elas nos atrapalham, não conseguimos nos livrar delas. Outras nos diferenciam, nos definem... Vejo que somos gerações que levam consigo características de mães, avós e por aí vai. Assim como dos pais, avôs e outros mais. Fico feliz de ver que temos traços da minha família. É lógico que se nos prendermos aos defeitinhos, veremos que são inúmeros... Mas quando eu tive o “clic” de me apegar ao que mais me marcava no meu pai, no ano em que ele faleceu, descobri que era viajar! E em 1999, quando ele subitamente se foi, após passar aquele tempo pra gente acordar, decidi que botaria o pé na estrada! Ou melhor, o carro com duas criancinhas dentro, sozinhas com uma mãe que acabara de endoidar. Era preciso ser doida para sair assim, com destino, mas sem relógio, com idéia do que queria, mas sem calendário pra seguir de quanto tempo ficaria em cada lugar, sem conhecer os lugares por onde iria, ou tendo os conhecido há muito, muito tempo atrás.

O ano de 1999 marcou nossas vidas! Saímos no dia 16 de dezembro e o destino era Florianópolis. Com um congestionamento interminável na BR 101, decidi desviar o caminho passando por uma cidade nunca mais visitada: Jaraguá do Sul! Esta era mais uma das coisas que nos marcaria... Ali se iniciava um costume que criamos e mantivemos: viajar juntos! Nós três! Embora eu quisesse conhecer vários lugares diferentes com vocês, o nosso destino final naquele ano entrou em nossas vidas pra ficar. Bombinhas... Acabamos criando raízes. E lá se tornou nossa parada certa todo final de ano. É interessante como nos identificamos tanto com um lugar! Penso que o que nos faz nos sentirmos em casa é aquilo que nos liga, definitivamente, a um lugar ou a uma pessoa. Por termos criado estas raízes com aquele lugar, deixamos de ir a outros. São opções! Criar raízes, ou conhecer novos lugares? Chega uma hora em que é preciso desapegar-se do porto seguro, do ninho aconchegante e quente para ir para novos horizontes. Não se trata de partir para não mais voltar. Trata-se de ir além, em busca de novos ares. Li uma vez, creio que você vai se lembrar, da historinha de Rubem Alves, “A volta do pássaro encantado”. Dizia, em suma, que se a menina prendesse o pássaro para mantê-lo perto de si, ele deixaria de desejar estar perto. E que havia a necessidade se estar longe para sentir saudade... Para desejar voltar! Este ano será diferente. Não fui, nem vou para Bombinhas. Priorizamos coisas. E uma delas foi a tua ida para Europa. Mesmo que eu tivesse ido a Bombinhas, você não estaria conosco. Penso que seria totalmente esquisito estar lá sem você. Faz parte dos nossos caminhos, termos de iniciar novas caminhadas sem termos uma a outra lado a lado. É bom! Teremos histórias para contarmos uma para a outra... E poderemos desejar levarmos quem ficou para estes novos lugares que se conheceu sozinha. A saudade, querida, lapida o amor! Ir por caminhos diferentes acumula em nossas vidas, histórias e mais histórias para se passar por anos contando uma pra outra. No fundo, sabemos que será assim. Haverá ainda, muitas férias em família, Bombinhas e Retiro dos Padres sempre estarão na nossa rota. Talvez, não mais como antes. Teremos também, destinos solos! Você, o Gabri, eu... E teremos, sim teremos, tempo juntos. Porque semeamos este tempo no caminho que percorremos. Semeamos no tempo certo e colheremos isto com o passar dos anos. Lembra de nossas conversas debaixo da nossa arvorezona do Retiro? Ou de cima dela, nem sei! Que quando vocês tivessem seus filhos, vocês os levariam pra lá, subiriam naquela mesma árvore e contariam nossas histórias a eles. E que vocês sempre dariam um jeito de passar por lá, em Bombinhas, como se fosse um tributo ao tempo em que passamos juntos. Bem, espero que o nosso leque de lugares aumente muito! E mesmo que não possamos estar juntos em tantas janelas novas que aparecerem em nossas vidas, continuemos com nossos bilhetinhos...
Já é dia 30 e logo vou escrever a carta da véspera da véspera. Até logo mais! Te amo! (Dizer que se ama, a quem se ama é uma das coisas mais preciosas, necessárias e que mais nos alimenta. A nós e a quem falamos... Por isso, adoro dizer que te amo!)

2 comentários:

Deixe seu recado aqui. Logo mais passamos respondendo!