Quer participar de nossa conversa?



Giovana, minha filha, viajou em busca de seu sonho. Europa e Polônia fazem parte do itinerário. Daqui, lhe escrevo cartas. De lá, em seu blog, relata a cada dia, tudo o que vem acumulando em lembranças.

Este espaço é aberto a todos que entram aqui para compartilharem este gostoso sentimento da SAUDADE! Que, por alguma razão, têm uma afinidade em lerem "Cartas para quem se ama". De verem em linhas, sentimentos que lhes são tão familiares. E, a mim, será um enorme privilégio poder ler suas impressões e comentários.

Para isso, clique em "comentários" e digite suas palavras na janela que se abre. Se você tiver um pefil já definido (Google, WordPress, Nome/URL, etc) é só selecionar, senão, pode selecionar a opção "anônimo", aí é só "publicar"! Se quiser, identifique-se com seu nome e e-mail, ao final, pois assim, poderei fazer contato!



Bem vindo a bordo no Diário de Porto!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Olhos no horizonte, pés bem apoiados no chão!

Décimo terceiro dia - Dia 30 de dezembro
Filha, lembra-se de quando eu te falava que eu sonhava em um dia eu poder sentar numa cadeirinha na beira do Retiro e escrever? Bem... Hoje, eu acordei e me sentei na rede, na nossa sacada, neste meu primeiro dia de férias pra... Escrever!!! Passei quase o dia todo teclando! E isto não deixa de ser escrever naquela cadeirinha na grama, de frente pro mar, no “nosso“ retiro...

Estive escrevendo agorinha, era pra ser pra você. Mas dei tantas voltas, falei de tantas coisas que acabei postando no outro blog, pois pra você a conversa é mais direta. Escrever, sempre dizíamos, faz bem, pois nos faz refletir! Costumo dizer tanto que “Bombinhas é meu lar” que acabei bloqueando as raízes que poderia criar aqui, em Londrina! Isto acabava refletindo uma recusa minha em criar vínculos aqui, a fincar minhas raízes, por mais que eu diga que eu as tenha! Tenho lembranças, tenho imagens de tantas coisas que vivi aqui! Aquelas cenas de infância, adolescência e faculdade. De episódios pitorescos, outros nem tanto assim. Mas num ciclo onde meus pés sempre pareciam estar noutro lugar e nunca estarem aqui!

Acredito, e você sabe bem disso, que é preciso ter olhos no horizonte! Mas é preciso não se esquecer de ter os pés bem apoiados no chão! Isto, agora compreendo, significa fincar raízes onde se esta no agora. Não ter medo de se fixar em lugares, amarrar-se a um porto por um tempo. Passear pelos mares nos oferece um vasto leque de amigos e lugares, mas ao reconhecermos lugares por onde já fomos e desejamos ficar, não é proibido permanecer um tempo. Até que seja o tempo de partir de novo. Se este tempo chegar. Creio que esta minha ânsia em ir e ir criou em mim as tais “rodinhas nos pés” que uma amiga falou pra mim que eu tinha. Que em outra linguagem, diríamos, seria um navio sem âncora! Um navio que partiu há muito tempo atrás de um lugar que ficou gravado pra sempre em sua memória, pra onde deseja retornar e que com isto, não enxerga a beleza de todos os lugares por onde andou! Chega até a se encantar por lugares exóticos. Identifica-se com pessoas, cheiros e cores. Mas que, a certa altura, entendia-se do lugar, tem seu pensamento longe, os olhar distante e cega-se a tudo o que está a sua volta. Quer tanto voltar ao lugar de onde partiu que não percebe que cada lugar a que chega, tem seu jeito próprio de acolhê-lo, de estabelecer a sua história própria com ele, de tocar uma melodia diferente, um aroma incomparável e um sabor nunca antes experimentado. A saudade que o navio sente de seu porto de partida o escraviza! A lembrança de um lugar por onde passou, do qual se perdeu e para onde nunca mais retornou, o impossibilita de apreciar o presente! Retira-lhe a sensibilidade de perceber que há novas cores a serem vistas. Prende-o ao passado!

Geralmente, as pessoas se prendem ao seu primeiro lar. Algumas, ao seu primeiro amor... De todo modo, prender-se ao que não se tem no presente é uma escravidão! Pois amarra os pés e as mãos, veda os olhos para estar no momento do agora! Estar preso ao lar impede de viajar. Não seria o nosso caso. Mas se não criamos este vínculo inseparável de Londrina, estávamos criando com Bombinhas. Você soube desamarrar-se e partir com seu navio para novos portos. Que bom! A partida também tem de acontecer com os amores... Sair pela porta que ficava ao lado da janela por onde se olhava o horizonte lá longe também significa estar aberta ao que vier. Não se fechar ao novo! E deixar o novo ser novo!!!! Totalmente no direito de ser diferente de tudo que já passou! Pode ser que um dia a gente compreenda que do jeito que foi, não deu certo porque faltava uns certos ingredientes E, quem sabe, o diferente que cruzar em nosso caminho, nos novos portos por onde passarmos, tenha exatamente estes ingredientes? Sei que você me compreende nas entrelinhas! Pois tudo que falo é metafórico! E muito do que pensamos não é o real, o certo ou o que nos completa!

Gi, querida... Que falta faz nossas conversas! Mas que bom que é poder conversar com você todo dia por letrinhas... Hoje, fiz a coisa certa! Escrevi de dia. Porque tenho de te confessar, à noite apago! Como se você não soubesse disso!!! Sei que está em Milão! E tua viagem tem sido a prática de tudo que vimos conversando. Você passa por lugares que deve ter vontade de ficar mais. Mas a decisão de conhecer mais lugares te faz seguir. Pode não conhecer tão profundamente cada um dos lugares por onde passou. Mas de relance, vê e pode deixar o rastro para voltar depois. Creio que isto é uma lição! De abrir-se a novos aprendizados. Ser receptiva, meio esponja. Absorver saberes. Depois, será o tempo da digestão, lenta, saboreando e relembrando os lugares por onde passou, as pessoas que conheceu. E aí, o que permaneceu, permanecerá! E o navio poderá partir quantas vezes quiser, aportando por velhos e novos lugares...

Quero notícias! Sei que as cartas são longas... Mas registram cada dia longe de você. E sei que na hora certa te farão companhia. Amo você, querida!

2 comentários:

  1. Incrível como cada comentário, post, recado, bilhete vem na hora certa que tem que vir ;)

    ResponderExcluir
  2. Só posso te repetir o que já escrevi ái em cima...

    "Sei que você me compreende nas entrelinhas! Pois tudo que falo é metafórico! E muito do que pensamos não é o real, o certo ou o que nos completa!"

    O novo é novo!

    ResponderExcluir

Deixe seu recado aqui. Logo mais passamos respondendo!