Quer participar de nossa conversa?



Giovana, minha filha, viajou em busca de seu sonho. Europa e Polônia fazem parte do itinerário. Daqui, lhe escrevo cartas. De lá, em seu blog, relata a cada dia, tudo o que vem acumulando em lembranças.

Este espaço é aberto a todos que entram aqui para compartilharem este gostoso sentimento da SAUDADE! Que, por alguma razão, têm uma afinidade em lerem "Cartas para quem se ama". De verem em linhas, sentimentos que lhes são tão familiares. E, a mim, será um enorme privilégio poder ler suas impressões e comentários.

Para isso, clique em "comentários" e digite suas palavras na janela que se abre. Se você tiver um pefil já definido (Google, WordPress, Nome/URL, etc) é só selecionar, senão, pode selecionar a opção "anônimo", aí é só "publicar"! Se quiser, identifique-se com seu nome e e-mail, ao final, pois assim, poderei fazer contato!



Bem vindo a bordo no Diário de Porto!

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Minha caixa para você!

Septuagesimo terceiro dia - tua chegada!

Estou na estrada. Na Castelo, para ser exata, a cerca de 100 km de São Paulo. Um silêncio vindo de fora invade o turbilhão cá dentro. Mais algumas horas e, enfim, te reencontro!

Foram 73 dias! Por quantos valerão? Por toda uma vida, calculo. Mas, veja bem: do tamanho de uma vida muito, muito bem vivida. Que se meça pela quantidade de gargalhadas. Pelas largas passadas que rumam certeiras a um destino desenhado para se buscar.

As coisas que valem a pena, valem para uma vida inteira! Perpetuam-se. Ensinam e são relembradas sempre. Vão conosco. São pra sempre da gente, ainda que todos nem lembrem, não vejam. Tornam-se uma espécie de massa transparente que se mistura com a gente mesmo. Invisíveis, mas presentes. Ultrapassam a esfera do visto, visível, existente...

Lembra-se quando te falei, por diversas vezes, da tua bagagem invisível que você traria? Que dinheiro não compra, não acusa excesso de peso, não depende de mala de rodinha, nem mochila de zíper estourado para ser trazida? Pois bem! E como se não bastasse, não envelhece, não tem prazo de validade, não sai nunca de moda, é sempre bem vindo! São tuas lembranças. É quando o SONHO deixa de ser sonho, é vivido e pra sempre é SEU na forma de LEMBRANÇAS. Explico: SONHO é o nome no tempo FUTURO. LEMBRANÇA é o nome no tempo PASSADO. Quer saber qual é o nome disto no tempo PRESENTE? Hummmm... Tem que viver pra saber! Mas a chave da porta que leva a ele tem o nome de BUSCA. Leva a caminhos que ninguém vai saber ou viver por você. Representa o que você é. Explica amores, caminhos, "coincidências". Figuradamente, é aquela caixinha de presentes oca, vazia que, um dia, vocé me deu. Que continha um único e enigmático conteúdo: um ESPELHO! Basta olhar para ele. Se a imagem refletida nele no tempo PRESENTE não corresponder ao SONHO no FUTURO, a LEMBRANÇA do passado, cuidado! Alguém tomou emprestada sua caixa, põs lá dentro uma imagem qualquer e você está vivendo uma vida que não é a sua!

Gi, minha filha preciosa! Sabe a caixa que te pedi de presente? Contendo SÍMBOLOS da minha essência? É o meu presente a você! Contém coisas minhas que também são tuas! Escrever... Viajar... Natureza... Você, com certeza, numa versão aprimorada minha, com pitadas da personalidade de teu pai e ingredientes peculiares só teus, acrescentará outros ítens mais a ela. Lembra-se por que eu te pedi para fazer esta caixa para mim? Para eu, NUNCA, NUNCA, NUNCA esquecer a MINHA ESSÊNCIA... Pois bem! É este o presente meu que quero te presentear. Uma caixinha que contenha TUA ESSÊNCIA para que você nunca a perca. Traga-a sempre consigo e possa sempre abri-la para espiar e regar e manter vivo aquilo que você é e que te mantém viva.

Querida, como você mesma disse, teu sonho não está chegando ao fim. Você, apenas, tomou posse dele. De futuro, tornou-o passado. Isto só fortalece em você, a certeza de buscar outros mais. Eu estarei sempre aqui. No porto. Porto seguro para você retornar. De cada viagem que se embrenhar. Em cada sonho que ousar tornar seu. Breve, breve, hora ou duas e um abraço que é pequeno para conter todo nosso amor.

Até já! Te amo. Sempre e pra sempre!

Mammy

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Septuagésimo Segundo dia! Véspera de sua chegada!

Gi...
Estou a hora e meia de pegar um ônibus que me levara ate Bauru e de la, eu e os pais da Le, tua companheira de viagem, amiga cabeca de câimbra e de sonho iremos juntos buscar vocês em São Paulo. A esta hora amanha já estaremos todos juntos viajando de volta ate Lençóis Paulista, na casa deles e la passarei dois dias com você. Finalmente!
Não há muito que possa dizer que já não tenha sido dito... Mas de todas, o que faço questão de repetir quantas vezes for necessário e… Quanto orgulho de voce! Quanta admiracao… quantas vezes fosse ou for necessario, voce sempre tera meu apoio pra buscar teus sonhos. E como valeu a pena… Sempre e sempre valera a pena, ouvir a voz do coracao, sentir quais sao teus sonhos e ir…
Logo mais, juntas, novamente!

Beijo, te amooo!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Sexagésimo sétimo dia!!! “Quem não arrisca, não petisca!”

Sexagésimo sétimo dia!!!

Veja só... Reta final! Muitas coisas ganhas pelo caminho. Frases simples definem bem isto que se passou. Do tipo: “Quem não arrisca, não petisca!” simples e verdadeiro... Quem não arrisca, não sente o sabor do novo, do saboroso. Passa a vida comendo angu...

Não que um pratinho de feijão com arroz, pra quem gosta não seja precioso e saboroso. Sou adepta de pratos simples. Mas sou mais da linha “baciona” de alface, rúcula e agrião, com tomate vermelhinho, de preferência o pequeninho, um legume, uma carne, porque, apesar da panca de vegetariana, sou chegada numa carne vermelha bem preparada, um peixe, um frango, um churrasco.

A questão do angu, explico. Quem nunca sentiu o aroma de outro prato, que não seja o seu angu de todo dia, talvez nem sonhe que haja outros sabores, outros paladares. E sua vida seja predestinada a ser sempre assim. Angu e angu! E não lhe fará diferença, nunca. O problema é o vento! Este que eu adoro sentir na cara, que me desperta, me faz pensar que estou na praia, que me faz sentir que todo o peso está sendo levado de dentro da minha alma, a cada vez que ele bate em meu rosto e corpo... O vento é faceiro... Sutilmente, leva e traz. Assim como as donas faceiras que se dependuram nos portões contando a vida alheia! Sim! De mansinho, levam cheiros. Trazem outros. E aguçam narizes alheios! E pessoas que jamais pensaram existir outros aromas, descobrem, de repente, que o mundo é muito mais do que o seu nariz alcança! E, curiosos, sentem necessidade de saberem de onde vem, o que são estes cheiros tão diferentes...

O problema do angu com a mesma cara de todo dia até poderia ser facilmente resolvido com temperos diferentes. Molho vermelho, sem molho, carne picada, sem carne, cheiro verde, sem cheiro... Mas só a vestimenta não resolve mais quando é o conteúdo que pede novidade. (Qualquer semelhança com a vida das pessoas, que trocam de roupa, de carcaça, mas não mudam o conteúdo NÃO É MERA COINCIDÊNCIA!)

Há pessoas que levam uma vida inteira sem conhecer o mar! Muito mais gente do que imagina nossa vã ignorância! Convivo com gente bem simples no atendimento que faço em meu trabalho. Isto pra gente do interior como nós, é fato! Como saber então que o cenário pode variar tanto, dispor-se em montanhas, vales, mares, diferente do seu mundinho que seus pés alcançam? Somente pela televisão. Porque, hoje, há a televisão. Pra cutucar a vontade alheia, cutucar vaidades, desejos que cobiçam o diferente. Muita coisa, antigamente, era mostrada por livros. Eles eram a porta de a passagem para viagens intermináveis de jovens leitores. Hoje, a televisão, a internet cumpre este papel a quem tem acesso a elas. Mas entre olhar, passivamente e decidir-se a ir buscar este mundo imenso posto diante de seus olhos há um abismo enorme...

Pensar em “por onde meus pés passam” ou “onde meus pés alcançam” é um plágio assumido do que sempre diz minha filha. “Fotinha” dos pés postos indicando um horizonte longe, emoldurados por algum lugar especial que represente alguma viagem importante. Logicamente, nesta sua viagem, haveria muitas molduras... Como foram! E, mais do que nunca, vêm confirmar a frase “quem não arrisca, não petisca!”.

Escrevo hoje num presságio do final que se aproxima. E, pra variar um pouco, fico na dúvida... Posto no CLICS ou no Diário de Porto? Comecei escrevendo para ela. Para o Diário. Mas tem tudo a ver com o que posto no CLICS... Vou inovar então! Pura safadeza minha. Vou postar nos dois! É o sexagésimo sétimo dia de sua viagem. Mas é uma conversa, prosa boa sobre o sabor desta sua viagem... Tudo a ver com o CLICS. Fruto do Diário. Como não poderia deixar de ser... Somos nós duas nos dois!

O que é tempo? Se não a opção que fazemos de nossas vidas?

Quarta feira de Cinzas...

Cinzas de quê? Dos dias anteriores. Neste caso, do tal carnaval. Que já foi festa despretensiosa, digamos, até sem malícia, ou maldade. Mas talvez, na raiz disto tudo, seria exagero classificar assim! Religiosamente, a festa tem origem pagã! Como quase todos os costumes enraizados nas festas religiosas, também. Mas não é minha intenção discutir o bem ou mal, o vínculo de cada um.
Como tive a infelicidade de receber um comentário invasivo, infundado e infeliz em meu mural no face, ao divulgar o post da Gi de seu blog, fico meio esperta. A internet é de livre acesso. A gente divulga e recebe críticas. Entra, se quiser, lê se quiser e critica com a devida educação. É no que acredito! Mas nem todos pensam assim. Críticas e comentários são sempre bem vindos. Desde que para “classificar” nossas palavras ou textos, use de respeito, de conhecimento, ou se busque saber quem é que fala, sua história de vida, antes de nomear com palavrinhas jocosas o que escrevemos! Abobrinha? Sim! Preferível se a contrapartida for comida refinada, sonsa, nada ligada às origens de quem fala. Como escrevi uma vez no texto “Natal com polenta” em meu blog, é na simplicidade que mora a felicidade. Nossos blogs, meus e da Gi, não têm a pretensão de agradar aos outros. Escrevemos porque é algo que gostamos. Escrevemos para expressar sentimentos, nosso pensamentos, nossos sonhos e compartilhar a busca deles e a sua conquista! Escrevemos para que as pessoas que queiram ler e compartilhem de sentimentos parecidos, possam viver juntas da gente, a conquista, para sentirem-se capazes também, de buscarem aos seus! Nossas palavras são palavras simples. Sinceras, de uma espontaneidade desprovida de malícia ou mascaradas para agradar, se isto implicar em abrir mão da originalidade e da verdade. Escrevemos o que vai de fato cá dentro! Desvendamo-nos a nós mesmas, para COMPARTILHAR...

Bem, feito o desabafo de constatar que algumas pessoas entram para lerem para postarem “sinceros” comentários desrespeitosos, sem a mínima noção da vida de quem escreve, apenas para aparecerem no mural alheio, vamos ao dia de hoje!

Estou a cinco dias na casa de uma amiga querida, do coração! Como é bom ter colo de amiga!!! Naqueles momentinhos de querer ir pra casa da mãe que não está mais conosco, ou da irmã pra ficar horas papeando, fugir um pouco do burburinho de todo dia, respirar outros ares, um vento na cara de estrada, falar-falar-falar, ouvir-ouvir-ouvir... Faz bem! E a gente sempre sabe o que faz bem... Quase hora de ir embora (mais a noitinha), pego um pouquinho do tempo pra dedilhar, antes de ir... E registrar o quanto somos privilegiados por termos amigos assim! Destes, tipo a Edna que a gente liga e diz... “Posso ir aí amanhã?” Na maior cara de pau e... vem! Fica na casa como se fosse da casa, papeia, vai com ela pra lá e pra cá, fica sozinha quando ela sai pra um treino que não dou conta e fico – totalmente – à vontade! Bom...

A viagem de minha filha está chegando ao fim! Imagino que ela esteja em contagem regressiva! E embora a saudade deva estar apitando em seu coração, o desejo de colo de mãe, de pai, de irmão, das amigas, a saudade às avessas esteja doendo, doendo...

Sinto que isto seja a nossa sina! Viajamos. Amamos viajar. Mas a cada retorno anunciado, a proximidade do retorno às nossas casas nos deixe um pouco saudosistas, antes da hora, por desejarmos tanto e tanto por o pé na estrada e ficar um pouco mais lá onde estamos! E penso... O que é tempo? Se não a opção que fazemos de nossas vidas? Foram dois meses e meio que poderiam ter sido para ela, iguais a todo ano. Por mais recheados de lembranças boas que optamos a todo ano, em irmos e ficarmos em lugares escolhidos por nós e que apreciamos e curtimos, a ousadia de tentar um novo precisa existir! É desta ousadia que depende a vivência do inusitado. De coisas novas não experimentadas e, talvez, não imaginadas. Definir um sonho, torná-lo meta, planejar as estratégias para realizá-lo e vivê-lo é algo próprio de quem arrisca e não teme ir por um caminho desconhecido. Por acreditar que pelo caminho, caminhando, irá encontrando os motivos de prosseguir. Serão pessoas que nos acolhem, que comungam dos mesmos ideais, de olhos que cruzam a sua frente, desejosos de acreditarem que seus simples sonhos são possíveis também! Jovens pares de olhos que faíscam ao verem e ouvirem suas historias simples que, comprovadamente, fizeram e farão a diferença na vida de outras pessoas! Não são de grandes coisas que necessitamos! São das pequenas! As que nutrem, que não deixam esmorecer, que abrem janelas, mostram caminhos, indicam o horizonte...

Minha filha, em uma semana já estará no Brasil. E não há nada que me faça pensar diferente sobre o quanto foi a decisão certa a ser tomada! Quantas são as coisas que pensamos num determinado momento em nossas vidas, no mais íntimo do nosso coração, no secreto de nosso arrependimento, que deveríamos ter ido por outro caminho, mas que não há mais tempo de corrigir a direção (ou a coragem para fazê-lo não veio ainda...)... Esta certeza que se tem do caminho tomado certo, da coisa certa feita é a certeza do passo certo. Que pode nos levar a uma caminhada certa. Esta que tantos buscam para sua realização pessoal, da felicidade de uma vida vivida plenamente e feliz. É assim que vejo sua vida, querida! Setenta e três dias vividos intensamente que enriqueceram sua vida e que te farão toda a diferença!

Eu te admiro, hoje, muito mais do que antes! Foi guerreira, valente. Acreditou quando muitos não acreditariam e entregariam os pontos. Não se fez de rogada às dificuldades. Traçou os meios. Não teve vergonha alguma de trabalhar e trabalhar e trabalhar. Economizar e economizar e economizar para tornar possível seu sonho! Como você mesma disse, é VIVENDO O QUE SE FALA que se mostra o quanto uma vida é verdadeira. Você é autêntica, transparente, tem convicção no que fala porque vive aquilo que diz! Por isso, suas palavras convencem e são modelo! Com certeza, fará toda a diferença na vida de muitas pessoas que tiveram o privilégio de passarem por você!

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Diario de bordo: Dabrowa Chelminska - 07/fev


Olhe só suas belas palavras...

"Isso me fez pensar muito nos nossos sonhos novamente. Esse com certeza é meu livro preferido, e ver ele agora nas minhas mãos, em polonês, como eu tinha sonhado um dia, foi incrível.. Fiquei pensando no poder que temos as vezes de realizar as coisas, mas que por vezes deixamos de ‘utilizar’ ou apreciar, só por medo ou por algo assim..
Fiquei muito, muito feliz com a minha compra, não só pelo livro, mas pelo o que ele representa..
Isso até me fez pensar e decidir algumas coisas eternas.."

Vale ou não vale ler???


Diario de bordo: Dabrowa Chelminska - 07/fev: A noite de ontem não foi muito fácil, acho que muita preocupação na cabeça, pensar demais faz com que a gente sonhe coisas que anda pensando...

Então, tá! O MEU PRESENTE!

Bem, começamos nossa conversa hoje, depois de um tempo de silêncio! Rapidinho a coisa engrena pra brincadeira, vejo brigas de travesseiro na tela, mimimis e caio na brincadeira! É uma delícia a tecnologia quando ela serve pra aproximar! E usufruo disso ao ver você ao vivo no estilo “The Jetsons”, vendo, mesmo brigando com o PC que teima em não me dar som. Depois, no outro aparelhinho te vejo, te ouço, mas você ao me vê, nem me ouve. Osso do ofício! Depois a gente dá um jeito nisso!

Naquela de dar uma de Dona Estela, fui falando... Não precisa pensar em mim, não! Junta todo o dindin e compra a tal câmera tão sonhada, se a grana der pra isso. Missão quase impossível, mas não ficaria nada chateada se fosse por uma boa causa! Ademais, o sangue do Vovô Paulo iria pular cá dentro e, logicamente, eu me daria o gostinho de pegar na mão uma super câmera pra testar também, só pra sentir o prazer! Mas se não dá, não dá. Não vai faltar oportunidade pra realizar este sonho!

O que eu quero pra mim de lembrancinha? Ow difícil tarefa! Falo que não precisa, você insiste e, consultando o velho ego lá dentro, tem uma vozinha que pede bobaginhas! Bolsa? Blusinha? Coisinhas de mulherzinha? Sempre agradam, sim! Logico que o lado Susi-vaidosinha vai se agradar de qualquer coisinha destas! Tudo bem! O que vier é lucro. Sem gastança desnecessária. Me divirto ao ler você colocando que comprou uma calça NOVA! Pois adoramos passar no “Brecho Lavô Tá Novo” de Jaraguá pra garimpar coisas lindas, baratas e originais! Estilosíssimas! Raridade, pois Brecho em Londrina ainda é sinônimo de coisa usada, feia, fedida...

Aí, viajando na brincadeira, acabei determinado o que quero daí! Uma caixinha a La Liz da história do “Comer, Rezar e Amar”. Genial! Achei! É isto mesmo que eu quero! Uma Caixa de Essência! A minha essência! Dito, ouvido (ou escrito e lido) a missão foi aceita! Você caçará e juntará numa caixinha “símbolos” do que sou. Ninguém melhor do que filhos pra saberem disso! Imagino se estivessem vocês dois, você e o Gabri, andando pelas ruas da Polônia e Amsterdã, caçando estas coisinhas... Vamos de filha postiça, a Lelê pra te acompanhar, enquanto o Gabri não se embrenha nas viagens pra fora...

Siga teu coração! Você me lê nas entrelinhas. Sabe de mim, como eu mesma! Muitas vezes, antecipa e me sabe, melhor do que mesma. Pois não tem dó de enxergar aquilo que, muitas vezes, camuflo em mim... Quando falei com você sobre ter medo de perder minha identidade, você apontou: ESCREVER, VIAGEM e NATUREZA! Fechou!É isso! ESCREVER : O lado “interiorista” de dedilhar o que vai lá dentro, independente de quem vá ler. VIAGEM: O lado vento na cara, pé na estrada, musica de viagem, sorrisão no rosto e o horizonte à frente! Somos do mundo, no bom sentido de não termos fronteira. Nem medo de ir. Nem medo de seguir. Ainda que eu, muitas vezes, me imobilize. Temos ainda o Caparaó com um 4x4 – a Revanche! Temos a Patagônia a três, três motoristas, dando a volta na ponta do Brasil de baixo e fazendo a curva lá adiante... NATUREZA: Temos Bonito, as Chapadas, o Itaimbezinho com o Pedro Pan. E os lugares que vocês irão primeiro sozinhos pra me levar depois! A nossa árvore no Retiro... O osso Morro do Macaco, que estarão sempre lá, mesmo que as nossas viagens pra lá sejam substituídas por uma boa causa como foi agora, ou poderá ser quando o nosso destino indicar outros lugares...

Te pedi SÍMBOLOS! Se é metaforicamente que escrevo, nada mais apropriado que presentes metafóricos... Você já imaginava isso! Lógico! Já havia cantado a bola pra Lelê! Sim! O Anel que fica no dedo visível pra sempre me lembrar do nosso propósito, assim como nossa aliança, um anel que me remeta a ver sempre a palavra SONHO me cutucando... Uma caneta? Um carro? Uma pedrinha? Você saberá como simbolizar cada coisa que vê tão clara em mim. Sei diso!

Filha, vou fazer, agora, o que você mesma enxergou! Ficar com minha amiga do coração! Porque escrever é bom, quando não nos rouba de estar ao vivo, com quem é tão importante pra gente! Fui!

MEU PRESENTE? FÁCIL... MAS MONTE O SEU!

Pois é! Caminhamos pra frente, miramos longe no horizonte, vislumbramos o NOVO... Isto é típico nosso! Mas paramos, olhamos a volta, atrás e... Aprendemos com o que passamos e fica pra trás...
DESAPEGO! Isto explica um pouco quem colhe pelo caminho e não tem receio de seguir, colhendo o NOVO! Você tem a certeza de que o que colheu irá sempre com você! Por isso, não tem medo de seguir, ainda que carregue consigo a SAUDADE... Não querer permanecer não é sinônimo de não ter amado quem cruzou pelo teu caminho. É apenas mostra de que teu coração é imenso e cabe muito mais aí...
CURIOSIDADE! É tua marca. É o que te faz ter olhos vivos. Que movem-se e acompanham cada movimento a sua volta. Que faz captar perspicazmente (lembra do Glenio te descrevendo assim? Perspicaz!) e aprender e apreender... Não é só teu coração que coleciona novidades. Tua mente também!
GENEROSIDADE! Quem que te conhece que não te identifica assim? Aquela que carrega as sacolas e pacotes do mercado e não deixa a gente carregar. Aquela que se doa ao outro, esquecendo de si própria, em pequenas e bobas coisas. E também em grandes coisas como tempo dedicado a ouvir, quando seu próprio tempo é tão espremido para caber tanta coisa que pega pra fazer... Que economiza suas baladas, seu mercado, pra ter din-din pra uma viagem desta. Só pra não me dar despesa que não posso ter. Ahhhh, fillha! Você é a pessoa mais generosa que conheço, veia de tua vovó, que saia atrás de mim correndo me dando coisas que tirava de sua própria casa, tipo, blusinhas que achava melhor em mim, comida, verdura, porque doar pra ela não era nada...
DETERMINAÇÃO! Dificuldades? Sim... Existem. Mas não são impedimentos! É assim que te vejo! Você sempre sonhou “ir pra fora”. Ultrapassar a barreira do país. Conhecer outros mundos... Sempre foi difícil e não foi fácil acreditar que conseguiria. Mas você SONHOU, DETERMINOU A META, PLANEJOU, PRIVOU-SE DE MUITAS COISAS E COLHEU O SONHO! Quantos sonham e ficam só sonhando? Obter o que se sonha é fruto de determinação, dedicação, sacrifício, e perseverança! Lembra a nós, corredores, o concluir uma maratona? Siiiiiiiiiiiiim! Você é uma vencedora! Já te falei isso! Tua maratona extrapola os 42km. Teu alcance vai além! Sem fronteiras. Pois quem faz ao outro, não fica preso aos muros. Sempre vai além. Por isso, desde você pequenininha, quando já sonhava viajar, ir pra Austrália, sempre soube que o horizonte definiria aonde chegaria. E teus olhos miram longe...
FÉ! Nós sabemos bem o que vivemos, o que passamos nos tempos de muita fé, na falta de fé, de questionamentos meus em torno disso. Regras religiosas, imposições, preconceitos e saber do Amor Ágape de Deus. O ter certeza sem nada ver. Você se manteve íntegra, sincera, firme na certeza de Deus te cuidando e te amando. Louvável e, diria, invejável! Pois acima de qualquer coisa, nunca perdeu a certeza de que há, sim, um Deus que nos ama, cuida e vê lá na frente por nós! Isto faz toda a diferença! Isto te faz ser tudo aí que descrevo aí em cima... O amor de Deus nos nutre, alimenta, resgata e define nosso caminho.

Gi! Ia escrever sobre minha caixinha de presente. Vai ficar pra outra. Que tal você e a Lelê fazerem a de vocês? Uma caixinha miudinha que contenha a essência de vocês? Pra nunca, nunca esquecerem quem são? Algo pra se guardar debaixo da cama, no criado, na memória sobre o que as moveu a irem, a acreditarem ser possível o sonho, pra pegar toda hora que precisarem se achar, nas crises, nos momentos difíceis quando a gente tem vontade de desistir? Pensem nisso... E vão bolando a minha caixinha também!

Muito inspirada, hoje...

Um retorno... Porque pra escrever tem que brotar do coração...

Muitos dias fora do ar... A vida é feita de CICLOS! Assim como andei escrevendo no meu velho e outro blog CLICS (www.clicandoeconversando.blogspot.com), vivemos em ciclos! E da última postagem pra cá, mergulhei num tempo de parada, imobilidade, uma quase apatia e seria mentira eu negar, fingir e socar letras pra preencher este vazio que existiu. Vazios existem pra dar sentido ao que preenche depois! Certos vazios não serão preenchidos jamais, quando aquilo que o preencheria foi perdido no tempo. E sensato é, pra não ter eternamente o sentimento de frustração, deixá-lo vazio. E encontrar dentro de si mesmo, outros espaços a serem preenchidos por outros. Cada qual com seu valor. E manter o espaço e cada um.

Este tempo de parada, se não estou enganada deve ter uns catorze dias... Quando eu perdia um ou outro dia, retomava completando estes espaços – vácuos! Reescrevia os dias, relembrando o que havia se passado em cada um deles e relatava cada coisa em cada dia. O que acontece agora é que não dá pra relatar vazios! E me reservo o direito de deixar a lacuna. Foram dias sem inspiração. Inspiração? Como dizer que fiquei sem inspiração pra escrever pra minha própria filha que está lá na Polônia, longe, carente de carinhos, palavras e atenção? Bem, explico!

Se há pessoas que nos compreendem, sem nem mesmo termos de nos explicar, estas pessoas são as que nos amam (e que, invariavelmente, são as que nós amamos!). Gi, você é uma delas! Eu apenas não escrevi no blog. Nas minhas cartas a quem eu amo. Mas estive conversando com você por outros meios. Pois o espaço do blog é um espaço publico das nossas palavras. E seria ingênuo pensar que nos falamos apenas aqui. Mesmo porque nem tudo o que falamos é publico. Não nos vendemos a ser vitrine em tudo. Prezamos pela nossa privacidade, ainda. Publicamos o que consideramos ser olhável aos outros. Preservamos nossas conversas só nossas!

Meus vazios são a mostra clara de ser falha, sentir tristeza, duvida, insegurança, preguiça, falta de assunto, falta de motivação, falta de vontade. Ainda que o motivo de eu escrever no blog, neste blog, seja uma das coisas mais importantes da minha vida. Hoje, você, Gi, que está fora do país. Com certeza, daqui um tempo será o Gabri! Porque criei filhos para terem asas. Voarem alto e longe! E tenho certeza que da vontade que ele sempre teve de ir “pra fora do país”, como ele mesmo dizia quando era criança, nascerá a motivação para de fato ir. A questão não é por quem faço. Escrever não é algo custoso, obrigatório ou regrado. Escrever para mim é algo que FLUI. Naturalmente. E já foi o tempo de eu tentar me forçar a ser infalível. Não sou perfeita, não sou o tempo todo feliz, o tempo todo inspirada , o tempo todo de boa, o tempo todo forte, o tempo todo, toda certa! Erro! Falho! Falto! Sumo e também tenho vontade de sumir. E sumi! Seria muita falsidade de minha parte fingir... Fingir é algo que agride brutalmente minha essência. Não sei lidar com isso! Isto agride, corrói, mata quem eu sou. E isto tem me feito refletir muito por onde ando, o que faço, o que sou...

Se eu fosse presa a regras, eu me sentaria a uns dias atrás pra completar as lacunas deste blog. Tentaria fazer um esforço tremendo pra lembrar algo de importante de cada dia não escrito para relatar dia-por-dia o buraco que ficou. Grande coisa seria! Um blog que “honrou” bravamente seu “propósito” de postar diariamente... Mas que esconde debaixo de tanta eficiência, a falta de sinceridade. Cumpriu o proposto. A obrigação. Ainda que para isso, passasse por cima da sua própria cabeça e coração... Não! Definitivamente, não! Não fui feita pra isso! Não consegui escrever nestes dias, não por falta de conexão. De fato, trabalhei muito nestes dias e o cansaço veio. Mas ainda assim, eu dedilhei numa das madrugadas e escrevi. Cansaço nunca foi motivo de eu não escrever. A ausência de vontade no coração, sim...

Seria covardia de minha parte eu atribuir para fora de mim esta inércia que tomou conta de mim. Engolimos o que permitimos passar goela abaixo. Tudo o que nos alimenta, é opção nossa. Somente nossa. E se passamos um tempo “sem identidade” é porque seguimos por um caminho que não é o nosso. Deixei um vazio, sim! Mas retomo hoje! Porque, nada melhor do que falar com a própria interlocutora deste blog, a minha preciosidade, a minha filha Giovana, para tomar uma baita injeção de ânimo e me reencontrar. Coisas de gente que se ama de verdade. Particularidade de gente que tem sintonia, telepatia (como a gente mesmo se identifica, tal qual é a nossa ligação!). Bati um papão com você, via internet, e me achei. Dei muita risada, brinquei um monte, descrevi meu presente de viagem (isto rende um postagem só pra isso!) e recuperei a vontade de dedilhar... Então, tá aqui! De novo! Again! Nada de tão maravilhoso ao outro que não lê nas entrelinhas, não compreende a voz do coração. Que não pega no ar a essência... Mas para as pessoas que têm dentro de si a capacidade de compreender que o essencial é invisível aos olhos, que sabem que o que alimenta o dia-a-dia não são coisas feitas e visíveis, mas aquelas que fazem os olhos brilhar, os lábios sorrirem, e a alma pular, compreenderão... Voltei! Porque manter o fiozinho com quem se ama é algo que se faz espontaneamente. Flui. Mantém-se, naturalmente. Ainda que haja buracos ou abismos no caminho.
Giovana, obrigada por ser esta filha tão preciosa, esta pessoa maravilhosa que você é, este coração amoroso e generoso que me dedilha palavras que me fazem não deixar de ser quem sou. Cheia de defeitinhos, mas com qualidades também. Como você mesma falou. E se vire no meu presentinho... Sei que vai dar conta do recado!
Te amo! Só e tudo! Sempre e pra sempre!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

8 de fevereiro

Quinquagésimo terceiro dia - 8 de fevereiro.

Querida! Sem tempo de blogar decentemente! Tem sido em torno de 17, 15 horas por dia de trabalho. Entrando às 6h, saindo entre 10 e 11 da noite, ate mais de meia noite... Qd chego em casa, banho e cama! Mas compenso no sábado pela skype. Muito sono... Vou dormir..

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O tempo

Quinquagésimo segundo dia - 7 de fevereiro.

O tempo encerra
O tempo inicia
O tempo faz esquecer
O tempo faz relembrar
Cutuca feridas
Cura vidas
Faz pausar
Faz prosseguir
O tempo engana
O tempo revela
O tempo cansa
O tempo faz descansar
Aprisiona
Liberta
Sustenta
Desespera
Com tempo se ganha
No tempo se perde
Sem tempo se esquece
Fora do tempo se permanece...

Ha coisas que se encaixam no tempo
Outras dele extrapolam, o negam, o superam

Hoje meu tempo teve uma medida: quase 17 horas de trabalho. Amanhã quem sabe o que abrigará?

Sem tempo para o invisível hoje. Do cel, devaneios bobos para você... Daqui 4 horas retornar ao trabalho.

Te amo, cansada, te amo!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Tua boa companhia... A conversa que eu queria!

Quinquagesimo primeiro dia - 6 de janeiro.

O que mais gostei ontem foi falar com você... Ter filhos é um presente de Deus. Ter uma filha-amiga-sabia como você e um filho-amigo-cabeça como o Gabri é um privilégio, uma honra, uma preciosidade indescritível! Vejo o quanto vocês amadureceram. O quanto seguem seus caminhos, o quanto são capazes de opinarem, enxergarem, decidirem sobre o que veem, passam, presenciam, vivenciam...

Creio que algumas coisas vão entalando passagens e o curso natural das coisas. Chega uma hora que é preciso desobstruir. Abrir portas, a janela, a gaiola é um primeiro passo. Muitas vezes achamos que a chave está com alguém e não percebemos que ela está bem próxima a nós. As vezes, dentro da mão cerrada que se comprime junto do coração que se fecha para não sofrer. De qualquer forma, sempre é tempo de se acordar.

Hoje foram quase 15 horas ininterruptas de trabalho. Pensar que passei 1 ano trabalhando 14 horas por dia. Vivia que hora? Talvez, enquanto sonhava... Nada tão diferente de agora...

Obrigada pela boa conversa e companhia de ontem! Te amo!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Quero muita poeira de estrada com você ao meu lado!

Quinquagésimo dia – 5 de janeiro

Virou a dezena de novo! São mais três semanas???

Refresca a saudade de você. Mas sei que por aí, vai ficando o ar de estar acabando um tempo bom que você não queria que acabasse. Não tem como medir o tamanho do tudo o que aprendeu! Vi vocês, ontem na tela, você e a Lelê! Se houvesse um detector de felicidade, capaz de medir em vocês o quanto inflaram de experiências, a tal bagagem invisível que eu falo tanto, se fosse tal qual o detector de metais do aeroporto, ele apitaria muito, um logo e ruidoso apito! Que bom que Deus manda Anjos para cuidarem da gente. Que bom que ele nos usa também como anjos e aos nossos amigos para cuidarem da gente, também. Somos seres sociais. Precisamos de convívio. Somos seres emotivos. Precisamos de emoção pra nos sentirmos vivos! Senão, vegetamos! Se eu tiver de depender de ser apenas razão, morro! Uso a razão para trabalhar, pra decidir com eficiência muitas coisas em minha vida. Fazer contas, “planejar gastos”. Mas optar por gastos que me mantêm viva, só o coração é capaz de fazê-lo. Se eu não tiver sensibilidade, um pouco de instinto, intuição, não consigo enxergar soluções para os problemas que me deparo no me dia a dia. É ter sangue nas veias correndo, pulso no coração que me mantêm viva. Se for de outra forma, não sou eu! Se eu parar de brigar, de falar, de escrever, de me alterar quando vejo algo injusto, ou que eu não concorde, não sou eu. São defeitos também. Sou “ruim”. Sou briguenta. Orgulhosa. Mas se a medida da intensidade de como demonstro meus sentimentos for amena, branda, creio, é porque perdi a identidade. Vou precisar de socorro para que me achem de volta. Me tragam e me cutuquem a memória. Não acredito que dê pra eu ser diferente. Não é que eu ache que desta forma seja a mais correta. Não é que goste de ser sempre assim. Sou agressiva, com isso. Compro causas. Visto a camisa. Me empolgo e se acredito em algo, meu entusiasmo é capaz de convencer pessoas. Mas se eu estiver sem os olhos brilhando, preciso de ajuda. Preciso tomar vento na cara. Sair correndo à noite, nem que seja só por um pouquinho! Pegar estrada de carro, janelas escancaradas, música de viagem. E se não for possível de carro, que seja de bike, de busão, a pé. Preciso de ar. Preciso me reencontrar. Preciso que quem me ame, tenha paciência comigo, cuide de mim, me aceite como sou, não se incomode tanto em eu ser assim, cheia de chatices e defeitos. Quando você voltar, quero pegar estrada com você. Topa? Nem que seja meio sem rumo, parando em hotelecos despretensiosos, mata, cachoeira, trilha, poeira. Nem que seja só por um pouquinho, nos seus intervalinhos de tantas reuniões. Não deixa eu perder minha identidade, ta?
Eu te amo e quero muita poeira de estrada com você ao meu lado!

Decidir é querer ir!

Quadragésimo nono dia – 4 de janeiro

Sábado, recompondo sono...
Estranho, né? Antes eu me reabastecia de energia, gastando-a! Saía pra correr e, numa contradição incompreensível, ao invés de esgotar minha energia, eu a recuperava. Voltava com os olhos tinindo, brilhando, estalados de feliz... Preciso me reencontrar!

Tive de ir ao dentista logo cedo! Quebrei um dente ao sei como há uma semana e marquei para o sábado a restauração. Às nove estava lá. Às nove da noite a restauração já havia caído... Droga!

Eu me sentia esgotada. Cansada, Absorvida. Sugada, eu diria... Tinha de deitar e apagar...Releitura: fuga? Pode ser...

O sono me pegou de jeito. O corpo não acordaria se não fosse uma ligação no celular de minha irmã. Conversei com ela. Como é bom ter uma irmã com quem conversar! Isto não tem preço... Às vezes sou eu que necessito falar, às vezes, é ela. Ela acabou me dizendo que os noticiários mostram que na Europa tem nevado muito, feito muito frio e que tem morrido pessoas. Foram duzentas na Europa e cerca de vinte na Polônia. Fiquei preocupada! Você com sua mania econômica de não querer gastar, não tem botas quentes pra andar por aí. E eu sei que tem saído toda semana pra lugares mais distantes para trabalhar. Acabei de falar com ela e fui ligar o note. Coisa que tenho fugido. Bem, consegui, de cara te achar “on”. Que bom! Matei a preocupação e a saudade...

Fico feliz da vida te vendo ali, ao Vico na tela. Eita tecnologia boa! Tipo
“The Jetsons”... Desenho animado do meu tempo que mostrava as tele-ligações da época futura. Chegamos a ela! Falamos e nos vemos do outro lado do planeta, ou quase lá. Será que isto encurta distâncias? Será que isto resolveria problemas de amores a distância de antigamente? Porque no tempo das cartas, elas demoravam um mês pra chegar, quando pouco, uma semana, pra vir, mais uma semana pra ir e aí iam... “Tele-chamadas” devem ter lá sua colaboração na alimentação de relacionamentos à distância. Filhos longe dos pais, casai que se separam a serviço, namoros de verão pra subirem a serra... Será que serviriam pra reatar aquilo que o tempo e a distância separaram, um dia?
É, entrariam naquela parte que dizemos sobre Dedicar-se e Demonstrar o amor. Mas não acontecem sem o “D” da Decisão. Sem decisão, nada acontece! Decidir é querer ir!

3 de fevereiro

Quadragésimo oitavo dia - 3 de fevereiro

Sexta-feira. Dia de começar mais cedo o dia. Marcamos para as 6 da manhã para estarmos no serviço, para sairmos para o tal local. No total, foram mais de 12 horas seguidas de trabalho... De manhã e no almoço, fomos para o bairro e a tarde tive de acompanhar de novo no ônibus as crianças. Não deu certo! Escrever e ler, dentro de um ônibus em movimento, conferindo nomes, imagine o que deu... Enjôo... Recorri ao boldo numa das escolas, chá, mascar as folhas no trajeto todo do ônibus. Por fim, um comprimido pra passar o mal estar. Não sou nada a favor de me afundar no serviço. Sou bem ciente da necessidade de termos como fonte de realização e prazer noutras coisas. Mas, de certa forma, empenhar-me no trabalho tem me ajudado a fazer bem, alguma coisa que inicio, realizo e concluo, dentro de prazos certos. Nos meus papéis particulares, ainda há pendências a serem organizadas. Poucas, agora, mas ainda me esperam. Às vezes, tenho vontade de não ter nada, nada a organizar, planejar e cuidar. Mas é só um vento bobo que me passa. Sei que a vida assim seria fútil e sem rumo. É apenas cansaço! Não de agora. Acabei de voltar das férias. Cansaço acumulado de uma vida. Um tempo que me reservo de ter o direito de ter pra estar cansada de tantas coisas que levo. Pescoço duro. Papéis e m ais papeis... A falta que bombinhas nos fez. A mim e ao Gabri. Como fez falta! Foi novo e bom estar aqui, conhecer novas pessoas e re-conhecer a própria cidade. Não retiro nada do que escrevi todos estes dias! Não retiraria nada do que ganhei! Mas parece que aquele ventinho daquele lugar, que passa sem parar lá na beirinha daquele mar, quando a gente se senta de cara pras pedras, pra água, carrega tudo e tudo pra longe... Como um banho de alma... Leva embora o que nos é pesado... No revigora. E nos carrega a bateria pra tocarmos mais um ano... Aí, dependo dos papéis em ordem. Pois, quando finalmente estiver com “tudo sob controle” juro, boto uma mochila nas costas, de busão, de carro, seja do que fora, e vou lá passar um final de semana que seja! Seja no frio, no calor, como for! Se você e o Gabri toparem, vamos juntos! Não chego a me arrepender de ter vindo pra cá. Assumido mais gastos. Mas aquela conversa tua comigo, sobre viver com menos, mas com folga pra ir pra onde se que se quer tem vindo à minha mente ultimamente... Finquei raízes caras aqui! Que me prendem e me impossibilitam de sair andeira,como sou, por aí. E tenho medo disto! Raízes dão suporte, sim, eu sei! Mas não quero teias de aranha em torno de mim. Quero estar viva. Respirando o ar que me sustenta. Sol batendo em mim. Vento, vento... e o olhar perdido longe... sem limite, horizonte a frente, desimpedindo caminhos...

2 de fevereiro

Quadragésimo sétimo dia - 2 de fevereiro

Quinta-feira, o trabalho me consome...
Não deixa de ser ruim. Coisas a se resolverem no trabalho. Fui conhecer o tal local onde foram entregues duzentas casa a pessoas que oravam em fundos de vale e não tinham condições de moradia. São casas “meia-água” (divididas ao meio), com aquecimento solar sobre o telhado! Alguns apartamentos. É uma cidade a parte! Uma das crianças que acompanhei no ônibus, me falou que sua mão disse que o nome certo de lá é “Cidade de Deus”. Diferente da alusão que o nome pode parecer ter, é uma comparação à cidade que deu origem ao filme. Todas casinhas novinhas. Enfim, tempo de contraste. Como falei no dia de ontem, eu estava em ritmo de trabalho em meio turno. Agora, metade de meu dia localiza-se no meu trabalho...

Estas coisas me fazem ver, o quanto é preciso ter realização no que se faz trabalhando... É estressante, às vezes. Cansativo, mas tem que dar alguma realização. São muitas horas do meu dia lá! A minha válvula de escape até o início do ano passado era a corrida, a academia, suar, suar, suar... Botar pra fora o veneno nosso de cada dia. Ando meio perdida, sem ter onde despejar meu próprio veneno... Escrever, me ajuda. Mas são coisa bem particulares, as de ontem hoje e nestes dias em que escrevo sem ter nada de tão bom pra falar... São cartas pra você, apenas. Retrato de mim. Conversa entre nós duas. E sei que seria inútil eu tentar me colocar leve, colorida no papel (leia-se na tela), pois você me pega, certinho, como sou.De você, não me escondo. Você sabe bem de mim...

Foi mais um dia, apenas! E mesmo que a gente não ande lá muito com as próprias pernas, em direção a algo que intencionamos, o próprio vento se encarrega de soprar a vela, quando estamos incapacitados a ligar o motor, segurar o leme e impor a rota. Quem sabe, eu parando um pouco de adivinhar o destino, forçando caminhos, a nossa “Bússola” me leve aonde, de fato, eu tenha de chegar?

Acabei de falar com a Lele... Ela acabou de te levar à estação... Saudade sem tamanho de você...

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

1 de fevereiro

Quadragésimo sexto dia - 1 de fevereiro

Escrevendo em bloco, não era o meu propósito, mas apenas para relatar dia-a-dia os últimos dias passados...

Dia 1 de fevereiro, quarta-feira, retornei ao trabalho. Oficialmente, pois eu já havia voltado pra uns servicinhos urgentes e inadiáveis. Pela primeira vez, depois de vinte e três anos de jornada dupla, tive parte do dia livre, desde setembro. A tal licença prêmio que é um dos privilégios de ser concursado. Ter direito a três meses de licença, a cada qüinqüênio, coisa que eu nunca havia desfrutado. Então, com tanta coisa a resolver numa jornada de dez horas diárias, decidi que era o melhor a fazer. E de setembro a dezembro, trabalhei só 6 horas por dia! Que privilégio... Agora, de volta ao mundo real...

Bem, devo ter ficado em torno de 10 horas e meia, direto lá, praticamente sem sair da cadeira. Um contraste para quem corria cerca de 50 a 70 km por semana. Isto tem me incomodado. Está difícil lidar com isso. O volume de serviço intenso, O bom é que ocupa a cabeça. Quando ela anda rodando por aí...

Sabe, querida, mal posso te falar alguma coisa sobre sobrecarregar-se. Não sei nem se sobreviveríamos sem isso. Mas estou numa fase transitória, refletindo sobre muita coisa. Ainda chego a algum lugar. E, espero, poder te falar de lá, se valeu a pena. Hoje, relato curto. Coisa que não curto: escrever para completar as lacunas de algo proposto e não cumprido. Dia por dia uma carta por dia. Mas como sei que me conhece bem, me lê nas entrelinhas, deixe lá tua mãe escrever por uma questão de tentar não perder a linha, a caneta, a tecla, a essência, o gosto, o prazer de escrever. Quem sabe, dedilhando, me reencontro e vou bebendo da seiva, de novo, daquilo que é das poucas coisas que me dá prazer e não dependo de outros e sim, apenas da minha capacidade de não perder a sensibilidade de ver a vida com meus olhos do coração, por mais que seja banal aos outros, escrever tanto e tanto, se tão pouca gente vai ler... Não me deixa perder a vontade de escrever? Me ajuda? Eu te amo, você e o Gabri, mais do que tudo na minha vida!