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Giovana, minha filha, viajou em busca de seu sonho. Europa e Polônia fazem parte do itinerário. Daqui, lhe escrevo cartas. De lá, em seu blog, relata a cada dia, tudo o que vem acumulando em lembranças.

Este espaço é aberto a todos que entram aqui para compartilharem este gostoso sentimento da SAUDADE! Que, por alguma razão, têm uma afinidade em lerem "Cartas para quem se ama". De verem em linhas, sentimentos que lhes são tão familiares. E, a mim, será um enorme privilégio poder ler suas impressões e comentários.

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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Caixinha de pedrinhas e conchinhas

Quadragésimo dia – 26 de janeiro.

Virou a dezena de novo! E isto dá um calafrio. Dias passando... De novo aquela saudade às avessas. Sinto por você. Imagino que não deva dar vontade vir embora! Por mais que você goste daqui, tenha a família, amigos e amigas, vínculos... Somos meio do mundo afora, mesmo! Pés que não se instalam, assim, tão definitivamente... Pés que gostam de buscar caminhos novos, experimentar poeira nova! Gostamos de sentir cheiros não experimentados, cores que explodem diante de nossos olhos, burburinhos desconhecidos, idiomas que nos encantam...
Tenho certeza de sua da sua saudade e do seu amor por mim, por nós. Estou certa do quanto você deve sentir vontade de colo, conversa até tarde enroladinha na mesma cama, passear à toa por ai de mãos dadas, cantarolar na cozinha enquanto fazemos comida, nossas lasanhas de dois molhos, o branco e o vermelho, do meu yakissoba que você já aprendeu a fazer (já fez aí?), de viajarmos no carro, ouvindo “música de viagem” (nós sabemos quais!) com as janelas escancaradas pra tomarmos vento... De estar com a família toda reunida, os Saitos, os primos jogando bola tudo junto, comer sashimi e sushis do Kadu, ver a tia Any cantando no videdokê com o Ed, as tias, primas. Por isso, esta saudade às avessas é estranha! Porque é um estar chegando um tempo que encerra uma temporada num lugar tão difícil de voltar.

Creio que é coisa minha e não deixa de ser tua também, pois temos uma sintonia em tanta coisa... Mas a contagem regressiva me incomoda! Contar dias de trás pra frente, anunciando que o dia do final de algo vem chegando não é algo que eu goste nem um pouco! Nunca gostei de partidas. Despedidas soam a “nunca”. E esta nossa natureza de ser andeira e viajeira nos faz nos apegarmos ao “novo” que conhecemos e absorvemos por aí! Mais da metade já foi! E imagino como uma caixinha que você tenha levado pra ir colhendo pedrinhas e conchinhas... Cada qual com uma particularidade que te chamou a atenção, por uma cor mais viva, um formato que se encaixa, uma forma que te lembra algo, ou local especial. Quando criança, colhemos conchinhas na praia e fazemos coleção por algo especial! Porque são formas, tamanhos, cores que gostamos, que nos atraem. Guardamos até que um dia não seja, assim, tão importante mais tê-las. É a forma inocente que temos de levarmos conosco, um pouquinho do mar... Um pouquinho do caminho... De manter, um pouquinho mais, a sensação tão boa sentida. Pra amenizar a saudade futura...

Filha, colha todas as pedrinhas, todas as conchinhas! Não faz mal trazê-las, não! O tempo se encarrega de te trazer de volta as coisas que te foram importantes no caminho! Pode ser que a forma como virão não sejam, exatamente, como você imagina. Mas as coisas mais importantes e colhidas no caminho, sempre estarão com você! O melhor de termos cruzado com pessoas que nos marcaram pelo caminho e não as termos mais conosco é a certeza de que o invisível define um pouco o que é mais importante. Se tivéssemos de por numa prateleira aquilo que mais apreciamos e nos são mais preciosas, teríamos um problema sério de espaço e teríamos de economizar na nossa colheita. Já imaginou? Querer levar lembranças e ter de passar pela alfândega e uma luzinha vermelha indicar que você já passou da sua cota e ter de deixar pra trás aquilo que já mora em seu coração? Isto acalma a saudade. Pois não pesa, não ocupa prateleiras, não precisa ser economizado. A colheita é próspera para quem é generoso e não apita indicando excesso. Que bom!

Gostoso é escrever o que vai cá dentro, na hora! Acumular escritos é ruim. Ficam com cara de “cumprindo o calendário”. Sentimentos e desejos fluem... Até acontece de vir uma palavra na mente e querer escrever sobre isso, antes mesmo de me sentar. Mas quando flui na hora, como agora, é bom demais...

Vou dar uma pausa. Volto pros papéis, pras contas... Faz parte! Necessário pra organizar o que virá! Quero ler seu diário... Atualiza???

Beijo...

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