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Giovana, minha filha, viajou em busca de seu sonho. Europa e Polônia fazem parte do itinerário. Daqui, lhe escrevo cartas. De lá, em seu blog, relata a cada dia, tudo o que vem acumulando em lembranças.

Este espaço é aberto a todos que entram aqui para compartilharem este gostoso sentimento da SAUDADE! Que, por alguma razão, têm uma afinidade em lerem "Cartas para quem se ama". De verem em linhas, sentimentos que lhes são tão familiares. E, a mim, será um enorme privilégio poder ler suas impressões e comentários.

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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Bóias!!!

Fiquei chateada pois meu propõsito era uma carta por dia para minha filha e hoje perdi o horãrio... Dizendo a ela, na skype, ela prontamente me respndeu...

[09:31:07] Giovana Saito: não precisa escrever todod dia, pq sei q todo dia pensa em mim
[09:31:09] Giovana Saito: =)

Realmente, e isso! Mas a historia ja estava na cabeca. Ai vai!


Décimo quinto dia - Dia 1 de janeiro de 2012!!!
Então! Tão animada que estava pra escrever neste fim de semana e acabei deixando passar a hora, apaguei e perdi o trem! Falhei no dia 1... Mas como estou na fase do menos, menos, não precisa ser radical, escrevo hoje o que eu havia imaginado para ontem...

Bem, vi uma cena ontem que me lembrou a tua infância. Não exatamente por repetir o que você fazia. Mas por mostrar algo ao contrário do que fazíamos! Eu lagarteei ontem na piscina! Primeiro dia do ano, incorporando o espírito de não ser tão exigente comigo mesma em “treinos” e atividades, peguei o dia pra m-o-r-g-a-r!!! Com todas as letrinhas separadinhas mesmo pra dar tempo de morgar bonito! Levei um livro (o teu “O Retorno do Jovem Príncipe – A.G. Roemmers) pra piscina e passei a tarde por lá! Reli, li, apaguei, cochilei, retomei a leitura e depois, fiquei observando o movimento na piscina.

Muitas crianças, mas uma chamava a atenção de todos! Uma serelepezinha, muito amiga da água, jogava-se na água com uma desenvoltura e numa intimidade de fazer inveja! Olha só: de maiozinho colorido, touca, óculos de natação combinando com o maiô e boinhas nos braços!!! Uma gracinha! Não dava pra identificar quem eram os pais, porque a cisqunha corria pra lá e pra cá pulando da borda da piscina, sem parar! Coloridinha e com o peixinho Nemo (do “Procurando Nemo”) era cada uma das bóias! Fiquei observando porque, antes dela chegar, umas mães, todas irmãs, estavam próximas de mim, cada uma com uma criança e todas de bóia também! Aquelas bóias em formato de pato em que a criança fica boiando dentro dela e alguém fica puxando, ou ela fica batendo os pés pra sair do lugar, segurando no pescoço do bichinho...

Lembrei muito do tempo de vocês irem na piscina comigo. Mas justamente porque não usávamos as tais bóias! Nós brincávamos juntos, dentro da água, mas eu ensinava vocês a fazer o que a maioria das mães tem pavor: mergulhar a cabeça dentro da água! Jogávamos pedrinhas para brincar de achar, passávamos embaixo das pernas um do outro e brincávamos de letrinha... Lembra? A gente “fazia” a letra com as mãos uma pra outra, para a outra “ler” a letrinha embaixo da água e depois, em cima, dizer que letrinha que era! De letras, evoluímos para palavras e de palavras para frases. Aí surgiu o nosso jeitinho próprio de dizer “EU TE AMO” embaixo da água! Foi assim com você e assim com o Gabri. Com a diferença que com ele, me atrevi nos mergulhos com ele, desde bebê! Com oito meses eu já o deslizava por dentro da água, largava-o sozinho lá embaixo, para ele, mexendo as perninhas, vir nadando pra vir à tona! Era lindo!

Foi um filme que me passou na cabeça nos poucos minutos que fiquei ali olhando... E na hora, já me veio a historia pra escrever pra você: as bóias! As bóias que não dei a vocês. Que dariam segurança enquanto crianças, mas que por não dá-las a vocês, permiti que aprendessem a sobrevier na água! Não protegi vocês do perigo, com bóias. Fiz diferente, fiquei ao lado de vocês para vocês aprenderem a se movimentar na água, mergulhar, nadar para saberem ficar na água, com segurança. Seria mais fácil quando vocês eram pequenininhos, se eu proibisse de ficarem pulando na água, de molharem o rosto, de submergirem a cabeça na água para eu ficar no sol me bronzeando. Mas passar tempo com vocês, DENTRO DA ÁGUA, fez com que vocês criassem independência na água mais cedo. E cedinho eu podia ver vocês de longe, brincando sozinhos, em segurança! Estar junto quando eram pequenos promoveu esta liberdade de vocês poderem ir pra água, sem mim, sem bóia, sem artifícios...


Por que estou escrevendo isso? Porque a bóia é apenas um símbolo! De todas as coisas que pais e mães usam pra “cercar” seus filhos de segurança, que depois, eles têm tremenda dificuldade de andarem por si próprios, sem elas – as bóias! E bóias, bem entendido, é qualquer artifício usado para camuflar o perigo, retirar uma pessoa da realidade natural. Pessoas na água afundam, é fato! Se não se movimentarem de forma a boiarem ou nadarem. Filhos soltos no mundo não terão sempre bóias próximas para flutuarem para longe do perigo. É preciso estar junto deles quando são fracos ainda, quando não possuem independência para se virarem sozinhos, até que tenham, para dar a eles a liberdade e a confiança para que flutuem sozinhos. NÓS podemos ser as bóias de nossos filhos. De amigos. De pessoas que estejam próximas a nós, até que tenham condições de flutuarem sozinhas.


Por terem sido assim, ainda que o caminho às vezes tenha parecido duro, vocês, nós juntos, cultivamos um caminho de independência que não chega a ser uma indiferença, nem distanciamento. Vocês mexeram as perninhas cedo para flutuarem sozinhos cedo. Com isso, as asinhas também puderam se desenvolver cedo, também! Foi a estradinha de terra com você no volante aos 13 aninhos... As idas ao colégio de carro com você dirigindo, aos 16... O banco da frente no carro, nas nossas inúmeras viagens, com você de co-piloto, atenta a tudo que te deu segurança a dirigir sozinha para Curitiba (sem mim!!!) aos 19... As bóias te seriam confortáveis... Mas prenderia tuas asinhas... Melhor do que por bóias coloridas, de peixinhos coloridos nos filhos, é SERMOS BÓIAS, enquanto precisarem de nós para serem independentes! Depois, os filhos viram peixinhos! Assim como vocês viraram...


Vou por a escrita em dia! Que hoje, fiquei só curtindo a minha filha-escritora-blogueira o dia todo e nem postei...

Beijo gi!

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