Reticências...

Décimo nono dia - 5 de janeiro

Não sei se já te falei, mas um dos nomes que, um dia, pensei em por no meu livro foi “Reticências”... Tal qual sua tatoo! Coincidência? Sintonia, eu diria...

Há coisas que acontecem sem explicação, sem fórmulas, sem lógica. São, simplesmente! Existem pessoas que possuem uma sintonia indescritível, inexplicável e admirável! No caso de mães e filhos seria de se esperar que haja esta tal sintonia. Mas esta “telepatia” que possuímos é tanta que, às vezes, ultrapassa os limites do racional. É amor imenso! Só isso explica!

Hoje, como de costume para quem aderiu o clima “Praia, mesmo estando em Londrina...”, acordei, fui me aprontar para ir à piscina, para dar o clima de mar que não terei neste verão! Confesso e sei que muita gente “viciada”em internet faz isso: peguei o celular, enquanto fui ao banheiro e abri o Gmail. Não tinha email seu. Estava ansiosa por notícias, pois você já havia saído de Milão rumo à Polônia e não tinha dado notícia, exceto um email rápido dizendo que havia chegado! Não havia mensagem tua, olhei um outro e quando voltei à Caixa de Entrada, havia acabado de entrar um email seu!!! Pura telepatia! Você a tarará km de distância e dar o clic de “enviar” e eu aqui abrir na hora! Que delícia ver que mantemos nossa “telepatia”, nossa sintonia, mesmo à distância de um oceano inteiro entre a gente!

Tenho escrito as cartas pra você no final do dia. Me conhece? Sabe? Tipo... Querendo escrever e o sono vindo e dominando? Então... Às vezes o clic de escrever acontece no meio do dia, mas sem papel e caneta, ou o note e suas teclinhas na mão, eu perco a linha do pensamento e da inspiração. E você conhece o tipinho. Se tem coisa difícil de eu vencer é este tal de sono! Com isso, alguns posts pra você perderam o conteúdo que eu queria por, O lado bom, veja bem, é “encurtar” as cartas como andei fazendo em alguns... Pode saber, os que saíram curtinhos é porque o sono me venceu e eu fiquei horas com o note aberto, sentada com ele o meu colo, dormindo e não conseguindo acabar a carta!

É... Mães também cansam. E que bom que podemos ser assim! Falhíveis! Foi-se o tempo em que eu pensava que para ser uma boa mãe, eu tinha de ser o mais próximo possível de perfeita! Mães precisam dormir, precisam chorar, precisam amar, precisam se render à preguiça uma vezinha ou outra! Não tem esta de estar em alerta o tempo todo. Isto é utópico e injusto com a gente! É por esta e outras que mães se frustram, se cobram tanto e acabam se tornando, proporcionalmente, tão “cobrativas” com seus filhos. Conhece alguma mãe assim??? Hã??? Se conhecemos, né, Gi...

O bom da vida que ela é um caminho de IDA, cheio de paradas, de possibilidades de retomadas, de mudanças de rumos sempre que se vir que a direção tomada não dá certo! Eu passei uns bons anos de nossas vidas tentando ser uma mãe exemplar. Com isso, cobrei demais de você. A gente sempre fala brincando, com todo o fundo de verdade, que eu exigi demais de você e que conseguir relaxar com o Gabri, por “sorte” dele... Mas estas exigências todas tiveram seus méritos. Você tinha uma capacidade de “adivinhar” as minhas palavras, meu pensamento, por me conhecer tanto e, quem sabe, antecipar minhas ações, até para já fazer o que eu pretendia fazer. Quantas vezes nós estávamos diante de algo, observando e quando uma ia abrir a boca pra fazer um comentário, a outra já estava abrindo a boca ao mesmo tempo e dizíamos a mesmíssima coisa? Ou de termos de fazer algo e, ou eu ou você, olharmos para o lado e virmos que a outra já estava fazendo? Temos reações muito parecidas diante das situações. Percepções parecidas. Às vezes, me pego agindo exatamente da forma que você agiria em algumas situações. Como quando você vê alguém precisando de alguma coisa e você, prontamente, ajuda eu tenho feito também e, em seguida, já me vejo agindo como você. Viu? Também aprendo com você! Porque você pode ter assimilado atitudes minhas, mas também aprendi a incorporar as boas coisas que você costuma fazer! Uma troca boa e justa!

Bem, hoje, resolvi fazer diferente! Escrevo primeiro, a luz do dia, antes de tudo, de ir pra “minha praia do Brisas” inspiradíssima e sem correr o risco de cochilar no meio do caminho das letrinhas...

Reticências, minha querida, para mim é uma janela enorme de possibilidades! É o horizonte imenso a nossa frente! Oferecendo toda aquela curva lá longe para irmos! É não ter concluído o caminho, a história, a frase, o momento. É poder continuar. É poder ir, passar por etapas e tempos e poder retomar algo que teve de ficar de lado. É a chance de ter a segunda, a terceira, a infinita chance de acertar, de dar certo, de começar, quantas vezes for necessário, o novo parágrafo para se obter o que se almeja. Felicidade? Sucesso? Um amor? Um trabalho que te realiza? Clics inesquecíveis? Que seja! Tenho certeza, Gi, querida, que você tem este horizonte infinito a sua frente. E tem as ferramentas para seguir confiante, segura, com valores que teve semeado e cultivado para enfrentar e superar pedrinhas e rochas pelo caminho. E nesta tua caminhada, ponto final é só no final! Você passará por muitos pontos de exclamação, de interrogação, por vírgulas, ponto e vírgula e dois pontos. E toda vez que for necessário, tem aquela velha frase ditada nas salas de aula de antigamente: “Parágrafo, letra maiúscula” e segue a história! Sempre...

Amo você!