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Giovana, minha filha, viajou em busca de seu sonho. Europa e Polônia fazem parte do itinerário. Daqui, lhe escrevo cartas. De lá, em seu blog, relata a cada dia, tudo o que vem acumulando em lembranças.

Este espaço é aberto a todos que entram aqui para compartilharem este gostoso sentimento da SAUDADE! Que, por alguma razão, têm uma afinidade em lerem "Cartas para quem se ama". De verem em linhas, sentimentos que lhes são tão familiares. E, a mim, será um enorme privilégio poder ler suas impressões e comentários.

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domingo, 15 de janeiro de 2012

SAUDADE ÀS AVESSAS

Vigésimo nono dia – 15 de janeiro

Querida,

O tempo é algo indecifrável! Somos divididos por números. Já percebeu? São segundos que determinam a diferença de um vencedor de um segundo colocado. Minutos determinam um acidente, a perda de um ônibus, um avião, o trem. Horas reservam segredos. Dias contam histórias. Semanas separam horários de aula, de afazeres que preenchem o resto do ano. Meses incluem decisões. Anos classificam a idade, o tempo de existência. Onde nos encaixamos nisso?
Já são vinte e nove dias aí! Seriam em torno de setenta e quatro dias, não? Penso que, mesmo com toda a saudade que você deve sentir de seu ninho, de seu lar, de seu cantinho em Maringá, de suas coisas, seu travesseiro, amigos e amigas, a voz ao vivo de sua família e de pessoas com quem costuma falar e trocar suas confidências, ao fazer a continha ao contrário, de quantos dias já se passaram e quantos dias restam para estar aí, você deva sofrer de algo que eu mesma sofra e quase ninguém entende: A SAUDADE ÀS AVESSAS. A saudade que vem vindo, crescendo das pessoas com quem está convivendo aí, do lugar em que você está hoje e do qual irá partir dentro de uns dias... Tem?

É uma sensação diferente. Quando eu viajava para fazer curso fora da cidade e via todo mundo com saudade da sua cama, de seus filhos, de sua casa, de suas panelas, eu me sentia um bicho estranho. Não que eu não sentisse saudade de minha casa, de meus filhos. De forma alguma! Mas creio que era uma mistura da certeza de voltar, de tê-los comigo, independente do local e hora em que eu estivesse com vocês. De levá-los comigo, sempre junto de mim. E a saudade das novas coisas que adquiri... Compreende? Creio que este nosso sangue “viajeiro” seja responsável por muito dessa sensação. Temos em nós a raiz, preservamos nossa ligação de família, mas conhecer pessoas novas e novos lugares pra nós é tão natural como já tê-los conhecido há tempos... Criamos laços! Apegamo-nos a estas pessoas. Infiltramos raízes pelos locais pelos quais passamos. Deixamos pegadas e seguimos. E, se pensar que são pessoas que nunca mais veremos, sentimos um vazio, a saudade que se anuncia, antes dela mesma acontecer. Sente isso?

Era algo que me incomodava. Um vazio difícil de explicar. O desejo de não se querer perder algo que havia me fascinado e que mantinha um fio comigo e que fazia doer a possibilidade de não ter mais. Coisas assim, a gente aprende com o passar do tempo, na dor e por amor, que não dependem da presença física tê-los conosco, ou não! Todos estes olhares que te miram, sorriem pra você, tentam te compreender em teu inglês, se expressam em seu polonês, têm em comum algo que extrapola a linguagem verbal das línguas provenientes da “Torre de Babel”: SONHOS! E sonhos não são aprisionados por línguas. Para se fazer compreender, quando há algo em comum os ligando, o sorriso, a micagem, as mímicas cumprem tão bem seu papel de comunicação que as palavras não são necessárias. Você já passou por cerca de novecentos jovens. Virão outros mais. Quantos alunos eu tive? Nunca parei para contar... Centenas, é certo! Possivelmente, milhares! O raio de abrangência que temos é proporcional ao tamanho de nossos sonhos postos em prática! Vês? O que nos acalma a saudade de pessoas que sabemos que não veremos mais é a certeza de carregarmos eles, um pouco, conosco e ficarmos um pouco com cada um deles! Deixamos marcas! E levamos as deles em nós! E, dentro de nós, fica registrado tudo aquilo que ultrapassa as barreiras, as fronteiras, o oceano.

Gi, creio que você já saiba tudo isso que eu estou lhe falando. Está aprendendo muita coisa por você mesma, não por palavras, por exemplos de outros. Mas atravessando, você mesma o seu céu, o seu mar, o seu caminho. Guarde todas as lembranças colhidas neste caminho! Deixe as tuas, como sei que já têm deixado! Se bater a saudade às avessas, acalme-se. A vida tem um caminho inimaginável. E só por isso, vale a pena!

Saudade! E amor sempre e pra sempre!
Saudade é amor sempre e pra sempre!

2 comentários:

  1. Que delííciaaa ler um post seu antes de ir dormir, só para buscar o tal colo que a gente sempre fala!
    Eu tinha deixado as abas aqui abertas, para me 'atualizar' no meu diario de porto, terminei de fazer todas as coisas aqui que precisava, e agora já passam de 1h30am aqui e eu preciso dormir.. mas que gostoso ler algo seu para isso!

    Eu estava pensando bem isso por esses dias, é estranho, não que eu não sinta saudade dai, mas eu não tenho esse tipo de 'apego'.. Acho que fui meio criada para isso, essa tal independencia e facilidade para não se apegar tanto assim..
    Eu tenho saudades dai, mas a vontade de conhecer aqui, de descobrir todo esse mundo aqui, todas as pessoas aqui, o fascínio é ainda maior, e parece que ofusca o foco principal da saudade!
    Eu sempre achei q tinha sede de muita coisa, e achava que podia abraçar tudo.. e o que sinto agora é que minha vontade de estar aqui, aproveitar cada parte, faz com que eu fique mais tranquila, porque como falou quem está ai, está ai, e se for realmente importante e especial, também está aqui comigo de alguma maneira, é sempre minha base..

    Engraçado.. quando li essa parte:
    "O raio de abrangência que temos é proporcional ao tamanho de nossos sonhos postos em prática! "
    você sabe como sou, eu sempre quis ajudar o máximo de gente que podia, e agora eu me vejo aqui, cada semana passando um monte de gente pela minha vida, e cada coisa que você disse, seja por palavras,gestos ou olhares pode mudar ou não a vida da pessoa.. E isso é fascinante, mas o melhor disso é que em qualquer lugar é aplicável, a única diferença é que eu separei um tempo da minha vida para vir aqui e fazer isso, e que talvez não façamos em casa, na nossa cidade, e as pessoas não valorizem tanto umas as outras, ou o conhecimento delas..

    Sim, as pessoas "Deixam marcas", e isso é incrível, eu aqui as vezes tenho apenas 3min de contato com alguém e já é suficiente para me fazer pensar, imagina nessas 6 semanas só de projeto o que pode acontecer!
    E pensei bem isso, que tem pessoas tão queridas e especiais que já passaram por mim, e talvez eu nem veja mais =X
    Lembro de uma das estuantes de Brodnica que foi nos ver no último dia, chorou para dar tchau, porque ela disse que não tinha gente como nós por lá, e que sentiria a nossa falta =O

    Quando você quer, e está disposto a aprender, qualquer hora é hora, e qualquer lugar é lugar :)

    To feliz aqui!

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  2. Filha...
    Nada de errado em sentir a saudade às avessas! nào é si nal de que não sinta saudade daqui de seu porto seguro, que não goste de quem eta aqui! É sinal de quem seu coração não tem fronteiras! Que cabe muita gente aí dentro! Que suas palavras podem e alcançam muito além de sua terrinha. Que as asas se ampliaram e você ESTÁ DEIXANDO MARCAS POR AÍ...
    Essa saudade às avessas eu sinto sempre que estamos na metade final das nossas férias em Bombinhas. Quando íamos a Jaraguá do sul e ia chegando perto da hora de partir. Quando viajávamoas a lugares novos aos quais não sabíamos se iríamos voltar um dia...
    Veja só: digo raio de abrangência pois você, conhece bem a história da Maratona de Londrina. Era meu sonho! E sei que era o de tantas pessoas aqui. Mas COLOCÁ-LO EM PRÁTICA fez toda a diferença! Veja quantas pessoas viveram o meu sonho por eu ter ousado verbalizá-lo, projetado e colocá-lo em prática! quantos estrearam nos 21km e nos 42 aqui, na nossa terrinha, por causa de um sono posto em prática! Quantos vieram aqui pra Londrina, por causa disso! E como podemos fazer a difernça, se quisermos...

    Fico imensamente feliz de te ver VIVENCIANDO estas coisas! Como você diz o final,
    "Quando você quer, e está disposto a aprender, qualquer hora é hora, e qualquer lugar é lugar"

    É isso!

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